São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 1996
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Supermercados criticam protecionismo

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), Paulo Afonso Feijó, criticou ontem, na presença do ministro Francisco Dornelles (Indústria, Comércio e Turismo), o aumento das tarifas de importação.
Feijó disse temer um retrocesso na política comercial brasileira. Dornelles é o responsável, no governo federal, pelos aumentos das tarifas de importação, que geraram acusações de protecionismo à indústria nacional.
Em discurso na abertura da 30ª Convenção Nacional de Supermercados, no Rio, Feijó disse esperar que "as recentes alterações nas alíquotas de importação de produtos sejam medidas temporárias e de ajustes, sem caracterizar retrocessos na política de abertura econômica".
Mais tarde, em entrevista, Feijó citou especificamente os aumentos das alíquotas dos brinquedos, que estão em 70%, e dos vinhos, que estão em 45%.
Segundo ele, os supermercados pretendiam aumentar de 3% para 6% a participação dos produtos importados no conjunto de suas vendas, mas a política tarifária não está permitindo isso.
No discurso que fez durante a mesma solenidade na qual Feijó criticou o protecionismo, o ministro Dornelles disse que o governo prosseguirá com a abertura "ampla, geral e irrestrita", mas não aceitará que práticas de dumping (concorrência desleal) "destruam as empresas brasileiras".
Dornelles saiu da solenidade apressadamente, alegando compromissos em Brasília.
CPMF
Feijó afirmou que a abertura total da economia é, para a Abras, "uma questão de princípio". Na sua opinião, "se uma empresa não é mais competitiva, tem de quebrar".
O presidente da Abras abriu as baterias também contra a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), que está sendo criada para financiar a área da saúde e que vai cobrar 0,2% sobre as operações bancárias. Ele classificou a CPMF de "espúria".
Feijó disse que, na hipótese de os fornecedores dos supermercados não repassarem a eles seus custos com a CPMF, a contribuição vai onerar o setor em 0,33%. Isso, segundo ele, representa mais de 10% da margem histórica de ganhos do setor, que seria de 2,5%.
Se os fornecedores fizerem o repasse, o ônus dos supermercados chegaria a até 1% sobre os preços dos seus produtos.
Feijó disse que as condições de mercado é que definirão se a CPMF será repassada para os supermercados por seus fornecedores e se estes repassarão os custos aos consumidores.

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