São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 1996
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A estratégia do PMDB

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - A direção do PMDB está rachada a respeito da reeleição. Mas já foi traçada uma estratégia para que ninguém saia constrangido na hora de tomar posição.
Antes de relatar a estratégia, é bom fazer um resumo do quadro atual.
De um lado está o presidente do partido, deputado Paes de Andrade (CE). Ele é contra a reeleição. Quer adiar qualquer discussão a respeito para o ano que vem.
Paes está respaldado pela decisão da Convenção Nacional do PMDB, que em março decidiu que o partido só poderia se posicionar sobre o tema de 97 em diante.
Do outro lado está o líder do PMDB na Câmara, deputado Michel Temer (SP). Ele é a favor da reeleição. Acha que o partido poderia discutir o assunto neste ano. "É óbvio que a votação em plenário ficaria para o ano que vem", diz.
Como líder, Temer é responsável pela indicação dos nomes do PMDB para a comissão especial da reeleição. Não enxerga nisso uma desobediência à Convenção Nacional do partido.
Ocorre que Paes de Andrade pensa diferente. "Se ele (Temer) indicar os nomes, vou recorrer à Justiça para impugnar isso", afirma.
Essa divergência é fácil de resolver. O presidente da Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), tem poderes regimentais para indicar os integrantes da comissão especial.
Ninguém admite isso, mas seria fácil para Michel Temer "sugerir" a Luís Eduardo os nomes do PMDB que gostaria de ver na comissão especial. O ônus da indicação ficaria para o presidente da Câmara.
Paes de Andrade tentaria algum tipo de recurso contra a decisão. Mas teria pouca chance de sucesso. Afinal, Luís Eduardo é do PFL. Não deve obediência ao PMDB.
Mesmo que a tentativa de impugnação judicial prospere contra os deputados do PMDB indicados para a comissão, o ano já estará para acabar.
Paes terá marcado posição. Temer também. Ninguém sai machucado. E o PMDB caminha para a reeleição.

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