São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 1996
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Marco Maciel recua

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - O vice-presidente da República, Marco Maciel, recuou e abandonou sua defesa por uma reforma política ampla junto com a reeleição.
Em entrevista a esta coluna, Maciel deu a entender que abandonou seus planos em nome do pragmatismo político. Na realidade, foi pressionado.
O vice sempre foi -e ainda é- defensor de uma reforma política ampla. Queria fidelidade partidária e voto distrital e proporcional misto. Dizia ser contra a reeleição, "por princípio".
Ao perceber que a reeleição seria inevitável, passou a pregá-la junto com uma reforma política. Fez isso em entrevista pública no início deste mês.
Em 1º de setembro, um domingo, Maciel disse: "No bojo das reformas políticas, obviamente, está essa questão da reeleição. Mas não podemos pensar em aperfeiçoamento institucional do país sem fazermos a chamada reforma política".
Ontem, tinha palavras diferentes: "A idéia é boa, mas não é factível numa dada circunstância histórica".
A "dada circunstância histórica" é a atual. O governo FHC quer aprovar logo a emenda da reeleição. Qualquer penduricalho, como o voto distrital, seria um obstáculo indesejável.
Bombardeado nos bastidores do PFL, o vice-presidente entendeu o recado. Deu ontem sua nova palavra pública. E ponto final. Que não se espere muito mais de Marco Maciel até a votação da emenda da reeleição.
Quando a Câmara instalar a comissão especial para analisar o assunto, no mês que vem, o vice já sabe o que vai fazer. "Minha posição será de harmonia com o projeto do governo."
Esse recuo de Maciel tem dois significados principais.
O PFL está cada vez mais coeso e deve ser o grande comandante da reeleição de FHC. E, para conseguir seu objetivo, a cúpula pefelista não poupará nem caciques como Marco Maciel.
Mas, acima de tudo, o episódio demonstra que a reeleição de FHC será marcada por muitos balões de ensaio. Ontem, o vice-presidente se encarregou de furar de uma vez o da reforma política ampla.

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