São Paulo, quinta-feira, 19 de setembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EUA testam o revólver 'inteligente'

Polícia fará primeira experiência

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A polícia nos EUA vai começar a testar a "arma inteligente", um revólver que só é acionável pela pessoa autorizada a utilizá-lo.
A pistola, de calibre 40, funciona apenas quando um sinal é transmitido por pequeno transmissor de rádio no pulso do dono.
Muitos policiais têm dúvidas sobre a conveniência de se adotar a "arma inteligente". Eles argumentam que um revólver só é útil quando responde de imediato ao instinto de quem o usa e não falha.
Mesmo que o dispositivo seja aprovado, estima-se que esse tipo de arma só esteja disponível no mercado em três ou quatro anos.
Cerca de 500 crianças de menos de nove anos morrem por ano nos EUA em acidentes com armas guardadas em casa. Cerca de 1.400 adolescentes se matam por ano com os revólveres de seus pais. Entre 1979 e 1983, 182 policiais morreram em incidentes nos quais o criminoso se apossou de sua arma. Todas essas mortes poderiam ter sido evitadas se as armas envolvidas fossem "inteligentes".
O preço de venda da "arma inteligente" está sendo calculado em US$ 900 por unidade. O mercado potencial é estimado em pelo menos US$ 2 bilhões se apenas alguns departamentos de polícia do país adotassem o modelo.
Por isso, mesmo entidades contrárias ao controle de armas são favoráveis a esse modelo. Mas a principal delas, a National Rifle Association (NRA), disse que vai se opor a qualquer proposta que obrigue os portadores de armas a só usarem as "inteligentes".
A NRA acha que essa obrigatoriedade é inconstitucional e afirma que a maioria absoluta dos donos de armas no país não tem como pagar o preço estimado para as "inteligentes". A conversão de revólveres tradicionais é considerada quase impossível.
Pesquisadores continuam estudando outras opções mais seguras para a ativação da "arma inteligente". Entre elas, a impressão digital e a voz do proprietário.
Vários policiais dizem que esses dois sistemas seriam ainda piores que o radiotransmissor pois falhariam no caso de o proprietário estar afônico ou usando luvas.
A NRA argumenta ainda que a arma "inteligente" não dará inteligência ao dono e por isso muitos acidentes ocorrerão com elas.

Texto Anterior: Pérez deixa a prisão e prepara viagem
Próximo Texto: Tropas vão seguir no golfo, dizem EUA
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.