São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 1996
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Saúde tem mais verba do que Educação

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Passa de R$ 14 bilhões o orçamento do Ministério da Saúde -motivo da reincidente crítica do presidente Fernando Henrique Cardoso ao desempenho do ministro Adib Jatene.
Mesmo sem a cobrança da CPMF, Jatene administra hoje um volume maior de dinheiro do que o ministro Paulo Renato Souza (Educação), elogiado publicamente pelo presidente.
Os gastos autorizados para o Ministério da Educação não chegam a R$ 10 bilhões durante o ano.
A vantagem crescerá em 1997: a proposta de Orçamento da União para o ano que vem, encaminhada ao Congresso no final de agosto, garante ao Ministério da Saúde praticamente o dobro das verbas do Ministério da Educação.
O projeto prevê R$ 20,2 bilhões para a pasta de Jatene, contra R$ 10,3 bilhões previstos para Paulo Renato.
No caso da Saúde, a maior parte do dinheiro serve para pagar consultas e internações hospitalares do SUS (Sistema Único de Saúde), formado, em grande parte, por hospitais privados.
Salários são o item que mais consome verbas federais destinadas à educação.
Cobrança antiga
A cobrança de FHC por maiores resultados na área de saúde não é nova. Em novembro do ano passado, o presidente fez sua primeira crítica pública à atuação do ministro Adib Jatene.
Como ontem, a crítica ocorreu durante solenidade no Palácio do Planalto. Da mesma forma, a reação de Jatene passou distante de um pedido de demissão.
Sem milagre
O ministro ainda insiste em que, mesmo com a CPMF, não se deve esperar por nenhum milagre na saúde pública brasileira.
"Qualquer intervenção em saúde requer um tempo para que seu impacto venha a ser sentido", escreveu Jatene há três meses, numa ofensiva final para aprovar a nova contribuição da saúde.
"É preciso que fique claro: não está prevista nenhuma ação sensacional com os recursos da CPMF", avisou, mais uma vez contrariando as expectativas do Palácio do Planalto.
Apesar da crítica renovada por parte de Fernando Henrique, a Folha apurou que a substituição de Adib Jatene não é tida como certa na reforma ministerial que está prevista para o início do próximo ano.

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