São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 1996 |
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FHC critica a atuação de Jatene e elogia a Educação
DANIELA PINHEIRO
"É muito fácil fazer lobby e vir aqui ao gabinete do presidente da República exigir mais dinheiro para hospital. Mas é muito mais difícil fazer com que cada um, no seu nível, cumpra a sua responsabilidade", afirmou o presidente. As declarações foram feitas durante a cerimônia de regulamentação da lei do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério, que garante a elevação dos salários dos professores primários. Jatene não estava presente na solenidade, realizada no Palácio do Planalto. Segundo a Folha apurou, o ministro da Saúde estava em uma sala ao lado, aguardando uma audiência com o presidente. FHC sugeriu que o Ministério da Saúde adote uma política de descentralização de recursos. "Aqui (na educação), o que estamos fazendo é delimitar responsabilidades. É dividir o que cabe à União, ao Estado e ao município. Na saúde, precisa haver isso também." Essa seria, na opinião do presidente, a única saída para a crise. "Porque não temos mais condições de pedir, por meio de impostos federais, que todos contribuam mais para a saúde", afirmou. O governo federal já conseguiu a aprovação no Congresso da emenda que cria a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) para financiar a saúde. A regulamentação tramita agora no Congresso -já foi aprovada na Câmara e está no Senado. Jatene considera a taxa fundamental para equilibrar as contas da pasta. Na avaliação do presidente, "se houve um setor em que o avanço foi grande, foi a educação". Há duas semanas, participantes da 10ª Conferência Nacional de Saúde foram ao Planalto pedir recursos. Sobre eles, FHC foi irônico: "É muito fácil mobilizar e vir a Brasília botar cartaz. Aqui é uma democracia. Pode botar cartaz à vontade, só que eu nem leio". Se ataques foram reservados a Jatene, a Paulo Renato sobraram elogios. "Eu acho, ministro, que o trabalho que vossa excelência está levando adiante neste ministério é realmente excepcional", afirmou. A comparação com outros ministérios foi sutil: "Paulo Renato, (...) o senhor agrega, e o Brasil está cansado de desagregadores." Ao final da solenidade, FHC fez um "mea culpa" na tentativa de desfazer o mal-entendido com Jatene. Rindo, disse que os jornalistas queriam iniciar uma "intriga". "O que eu disse e reitero é que o passo para a saúde é nessa direção." Segundo FHC, a idéia de reformar a saúde a exemplo do que faz a educação é do próprio Jatene. "Para que a saúde possa ter uma reforma que permita atender às suas necessidades, o caminho é esse. Isso é proposta sabe de quem? Do ministro Jatene. Boa intriga, não?", disse aos jornalistas. Apoio à reeleição Antes da solenidade, Paulo Renato afirmou que "haverá reeleição" de FHC. Em seguida, completou: "Nós ficaremos mais seis anos no poder". LEIA MAIS sobre educação à pág. 3-8 Texto Anterior: Saúde tem mais verba do que Educação Próximo Texto: Pressão do Planalto faz Havel mudar agenda em SP e não encontrar Maluf Índice |
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