São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Tucanos pediram checagem no Rio

DA SUCURSAL DO RIO

O jornalista Herval Faria, dono da empresa Video Clipping, disse ontem que sua equipe checou a veiculação de anúncios da campanha eleitoral para a Prefeitura do Rio a pedido de um integrante da cúpula do PSDB fluminense.
Faria não revelou o nome de seu cliente. "É uma questão de sigilo de empresa", afirmou. "O acompanhamento foi pago e encerrado no último domingo, dia 15."
Em nota divulgada ontem, a Rede Globo sustenta que a cúpula da campanha de Sérgio Cabral Filho, do PSDB, nunca questionou a distribuição das inserções.
O exame dos primeiros 22 dias de campanha -entre 2 e 24 de agosto- apontou que, nos intervalos dos dois programas de maior audiência da Rede Globo -a novela "O Rei do Gado" e o "Jornal Nacional"-, o candidato do PFL, Luiz Paulo Conde, aparecera 22 vezes; Sérgio Cabral (PSDB), 19; Chico Alencar (PT), 15; e Miro Teixeira (PDT), 12.
Essa distribuição não corresponde ao que foi acertado entre a emissora e os partidos, com a homologação do Tribunal Regional Eleitoral. Segundo o que fora planejado, Miro Teixeira deveria ter tido mais 2 inserções, e Sérgio Cabral Filho, mais 1.
A Video Clipping também constatou que, nesse período, Conde apareceu 9 vezes em intervalos do "JN"; Chico, 6; Cabral, 5; e Teixeira, 4. Nos intervalos da novela das oito, o pefelista apareceu 13 vezes; o tucano, 14; o petista, 9; e o pedetista, 8.
No período de 2 a 15 de setembro, houve mais equilíbrio. Nos programas examinados (além do "JN", "O Rei do Gado" e "RJ-TV", foram checados "Vira-Lata", "Terça Nobre", "Fantástico" e "Sai de Baixo"), o pefelista apareceu 33 vezes; o tucano, 31; o pedetista, 26; e o petista, 25.
Em "O Rei do Gado", Conde teve 9 inserções; Chico, 8; Teixeira e Cabral, 6 cada um. No "Jornal Nacional", o tucano e o pefelista apareceram 4 vezes cada um; o pedetista, 3; e o petista, nenhuma.
Pela divisão do tempo, o candidato do PSDB tem direito a 10min em, no máximo, 10 inserções por dia; o PFL, 6min16; o PT e o PDT, 3min45 cada um. Com isso, Cabral tem 10 anúncios diários de 1 minuto; Conde, 10, alguns com 1 minuto, outros com 30 segundos; Chico e Teixeira, 7,5 inserções diárias (7 num dia, 8 no outro).
Segundo a Justiça Eleitoral, as emissoras de televisão apenas cumprem o que é acertado pelos partidos, segundo os critérios da Lei 9.100/95, e homologado pela Coordenação de Fiscalização da Propaganda Eleitoral do TRE-RJ.
Conforme Herval Faria, um primeiro estudo sobre o número de inserções foi feito a pedido de pessoas ligadas a outro candidato -cujo nome também não revelou. Foi na segunda semana de agosto e examinou os anúncios veiculados nos intervalos do "RJ-TV" (segunda edição), "Jornal Nacional" e "O Rei do Gado".
O integrante da cúpula tucana soube da existência do levantamento, de acordo com Faria, e procurou a Video Clipping, solicitando que fosse estendido no tempo e ampliado na abrangência. Foram incluídos outros programas: "Terça Nobre", "Fantástico", "Sai de Baixo" e "Vira-Lata" -campeões de audiência em seus horários, segundo o Ibope.
Após a divulgação dos números, na edição da Folha de 3 de setembro, a assessoria de imprensa de Sérgio Cabral Filho informou que o candidato não se manifestaria oficialmente sobre o assunto. Os números, porém, já haviam chegado ao governador do Rio, Marcello Alencar (PSDB).
O PDT chegou a discutir a possibilidade de ajuizar uma ação contra a Rede Globo, para exigir uma compensação pela não-exibição de duas inserções de Teixeira, programadas para intervalos de "O Rei do Gado", nos dias 7 e 15 de agosto. A ação também exigiria que a emissora divulgasse toda a mídia eleitoral planejada até o fim da campanha. O partido acabou desistindo da iniciativa.

Texto Anterior: 'Fiz o documento a pedido da Globo'
Próximo Texto: Prefeituras petistas ganham prêmio de administração pública
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.