São Paulo, sexta-feira, 20 de setembro de 1996
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Menina vai receber coquetel proibido para o uso infantil

Justiça determina que Secretaria da Saúde pague tratamento

VALMIR DENARDIN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SOROCABA

O Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que a Secretaria Estadual da Saúde forneça a uma menina de 8 anos um coquetel de remédios contra a Aids ainda não liberados para o uso em crianças.
L.A.C. foi contaminada no ventre da mãe, que, durante a gravidez, foi submetida a uma transfusão com sangue contaminado.
Em sentença dada no início da semana, o Tribunal de Justiça mantém decisão da juíza Jane Franco Martins, da 1ª Vara Cível do Fórum de Sorocaba (87 km de SP), e determina que o governo estadual envie à menina uma combinação de três medicamentos já utilizados com bons resultados no tratamento da doença em adultos.
São dois inibidores de transcriptase reversa e um inibidor de protease. Estudos já provaram que, juntos, esses três medicamentos bloqueiam a reprodução do vírus HIV. O inibidor de protease ainda não está liberado para crianças.
A médica infectologista Rosana dos Anjos, 40, que acompanha a menina desde o seu nascimento, disse que desde o último dia 11 ela já vem recebendo essa medicação.
"Foi um caso extremo porque ela corria risco de vida", afirmou a médica. "Avaliamos que o benefício potencial compensava o risco." Segundo a infectologista, a menina não se alimentava mais, tinha dificuldade para andar e articular as palavras e sofria de sonolência.
O coquetel de remédios foi comprado por meio de uma campanha do Gepaso, um grupo de apoio a portadores de Aids em Sorocaba.
"Ela voltou a comer e passa a maior parte do dia acordada", afirmou Rosana dos Anjos, que atribui a melhora aos medicamentos.

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