São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 1996 |
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Dulce Pontes une Portugal, África e Brasil
JAIR RATTNER
Segundo Dulce, o disco tem como base o fado e a música popular portuguesa e vai refletir a idéia do mar como ponto de união. "Os arranjos têm como base a música de raiz portuguesa, mas a percussão mostra um relacionamento com a África e o Brasil", diz. O disco também tem uma música brasileira. É "Mãe Preta", de Piratini e Mano Velho, que foi sucesso na voz da cantora portuguesa Amália Rodrigues. "A música foi proibida por Salazar, e a Amália cantou com outro poema", conta Dulce, que gravou com a letra original. Será um CD duplo, com 18 músicas, e em Portugal vai custar o mesmo que um CD simples. "Quero dar um disco como bônus ao público português", afirma a cantora, que impôs no contrato com a gravadora a redução do preço. Fora de Portugal, deve ser lançado apenas um CD simples, o que vai reduzir de 18 para 12 ou 14 músicas o repertório. Ainda não há previsão de lançamento no Brasil. Composição própria Uma das grandes novidades do disco é a primeira gravação de uma música composta pela própria Dulce. Será a primeira faixa do disco, "Infante", tendo como letra o poema com mesmo nome de Fernando Pessoa, que está no livro "Mensagem". Para essa música, Dulce tirou uma das suas composições da gaveta. "Eu comentei com o Guilherme Inês (seu produtor) que seria bom pedir para alguém fazer um fado com aquele poema. De repente, lembrei da música que tinha feito e, quando fui ver, a métrica do poema se encaixava." Dulce tem guardadas dezenas de melodias, mas nunca quis cantar músicas que ela própria compôs. "Há uma incompatibilidade entre a Dulce que canta e a que compõe", diz. Na sua avaliação, a música Infante foi a primeira que conseguiu "reunir as duas Dulces". No CD estará a colaboração da cantora com músicos da Galícia -região da Espanha ao norte de Portugal com idioma próximo do português. Dulce canta em galego "Lela", de Carlos Nuñez. As gravações tiveram a participação de Nuñez, conhecido como "Rei dos Celtas", e do grupo tradicional Xirandela, composto por oito galegas. Nuñez toca instrumentos de sopro tradicionais, como a flauta doce e a gaita de foles. Texto Anterior: Eu sou um leãozinho que ainda não morde Próximo Texto: Souza Cruz cancela Hollywood Rock 1997 Índice |
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