São Paulo, quarta-feira, 25 de setembro de 1996
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Vaqueiro morou em 4 Estados

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As pessoas que servem de testemunha e precisam de proteção no Brasil hoje contam apenas com a ajuda de ONGs (organizações não-governamentais), da Igreja Católica, de juízes, advogados e procuradores.
A maioria das testemunhas é forçada a deixar o emprego e a cidade em que mora para viver de doações em outros Estados.
O padre Ricardo Rezende, da Comissão Pastoral da Terra em Rio Maria (sul do Pará), já virou um especialista em esconder testemunhas de assassinatos de sem-terra e líderes rurais.
Uma das testemunhas protegidas pelo padre, o vaqueiro Francisco Vítor Porfírio, já morou em quatro Estados desde 1991.
Porfírio foi a única testemunha do assassinato do presidente do Sindicato de Agricultores Rurais de Rio Maria, Expedito Ribeiro.
Após o crime, foi transferido para Conceição do Araguaia, também no Pará. Iria trabalhar como agricultor, mas não se adaptou. Depois morou no Ceará e em São Paulo.
"No ano passado, achamos uma fazenda no Mato Grosso do Sul em que ele poderia trabalhar como vaqueiro e voltar a morar com a família. Foi um desgaste psicológico muito grande para ele", disse padre Rezende.
A principal testemunha da chacina da Candelária (RJ), Wagner dos Santos, 25, teve de ser enviado para o exterior por causa da falta de um programa nacional de proteção a testemunhas.
(DF)

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