São Paulo, quarta-feira, 25 de setembro de 1996
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Premiê nega renúncia de Ieltsin, que segue internado

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O premiê Viktor Tchernomirdin se encontrou ontem com o presidente da Rússia, Boris Ieltsin, durante 40 minutos e saiu da clínica no Kremlin onde o presidente está internado dizendo que "não há hipótese de renúncia".
Ela foi pedida pelo líder neocomunista, Guennadi Ziuganov, para quem o presidente russo não tem condições de governar. Ziuganov foi derrotado por Ieltsin no segundo turno das eleições presidenciais deste ano.
O neocomunista pediu a realização de eleições dentro de três meses. O Kremlin, sede do governo, diz que Ieltsin está a par de todas as questões importantes do país e só entregará o poder ao primeiro-ministro, por algumas horas, durante a operação.
A saúde de Ieltsin foi o centro das atenções em um congresso internacional sobre cardiologia ontem em Moscou. O principal convidado é o americano Michael DeBakey, 88, pioneiro em operações de ponte de safena e consultor dos médicos de Ieltsin.
Uma junta médica, que inclui DeBakey, deve decidir hoje a data e os detalhes da operação de Ieltsin. O chefe russo da equipe, Renat Aktchurin, disse que não há como a operação não se realizar. A presença da imprensa prejudicou o simpósio e irritou Aktchurin.
Ontem, um assessor disse que o presidente tem trabalhado até duas horas e meia por dia. A TV russa divulgou novamente imagens de Ieltsin durante sua licença. A repercussão foi negativa.
As imagens, feitas durante a reunião com Tchernomirdin, mostram um Ieltsin cansado, quase sem movimentos e com dificuldade de falar.
A operação só deve acontecer no prazo de um mês e meio a dois meses. Segundo o cirurgião alemão Hans Borst, que também participou do congresso ontem, não há hipótese de ele permanecer no governo se não for operado.
"Se ele tem angina (deficiência na irrigação cardíaca) e não pode ser tratado com remédios, não pode permanecer no cargo, ou vai ter de se afastar nos momentos em que for mais necessário."
Para Borst, a operação deveria ser "imediata".
Instabilidade
Os governos da Ucrânia e da Lituânia (ambas da ex-União Soviética) se disseram preocupados com a instabilidade na Rússia devido à saúde de Ieltsin.
Para o cardiologista Aktchurin, "o fato de Ieltsin ainda ter angina e dor no coração após exercícios faz dele um candidato à cirurgia".
No final da semana passada, os médicos disseram que a fragilidade do presidente poderia impedir a realização da operação. Eles recuaram, e agora dizem esperar que o coração se fortaleça.
A prolongada internação de Ieltsin está derrubando o mercado financeiro russo. Anteontem, as ações da Bolsa caíram em média 3%. Ontem, caíram mais 10%. "Há mesmo algum pânico entre os investidores", disse Alexei Genkin, executivo da Bolsa.

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