São Paulo, quarta-feira, 25 de setembro de 1996 |
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ONDE ESTAMOS Dizia o poeta que a felicidade está sempre onde a pomos, mas nunca a pomos onde estamos. A tirada aplica-se bem à escolha de um vereador. O voto, que afinal é uma forma de lutar pelo que é mais desejável, parece mais difícil quando se trata de escolher alguém tão próximo de nós. A eleição para governador ou presidente mobiliza grandes temas, programas nem sempre estão em primeiro plano, mas ocupam mais espaço. E os candidatos, em geral, são já conhecidos na grande imprensa, enfrentaram outras eleições, podem ter ocupado cargos no Executivo. O candidato a vereador, entretanto, pode ser o seu vizinho, ou o líder de bairro. É alguém até mais relevante para o dia a dia do cidadão, mas que recebe, na mídia, no cotidiano das grandes articulações políticas e partidárias, pouca ou nenhuma atenção. No limite, muitas campanhas de vereadores chegam ao ponto de negar a própria atividade política, a própria discussão de propostas. No escasso tempo televisivo destinado aos candidatos a vereador, ouve-se repetidamente o bordão "vote em mim, você me conhece". De fato, a escolha de alguém que afinal deveria representar alguma coisa (essência da política) acaba dependendo de empatias e mesmo de um corpo a corpo, de uma convivência sobretudo pessoal que é boa em si mesma, necessária, mas insuficiente e politicamente frágil. A Folha inicia hoje uma série de perfis de candidatos que procura, apenas em parte, corrigir essa deficiência. Se a democracia é um caminho para melhorar a sociedade, devemos começar por saber mais daqueles que querem fazer política tão perto de onde efetivamente estamos. Texto Anterior: A ABERTURA QUE FALTA Próximo Texto: SOLUÇÃO DE CONFLITOS Índice |
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