São Paulo, quinta-feira, 26 de setembro de 1996
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Alunos da USP invadem sala em protesto

LARISSA PURVINNI
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 200 moradores e hóspedes do Crusp (Conjunto Residencial da USP) invadiram a sala do coordenador da Coseas (Coordenadoria de Assistência Social), Hamilton Luiz Corrêa, 42, na madrugada de ontem.
A invasão foi decidida em uma assembléia que reuniu cerca de 300 estudantes, segundo Fábio Barbosa, 24, da Associação dos Moradores do Crusp.
Os alunos querem o cancelamento do novo regimento da moradia e pedem a demissão do coordenador e da diretora de promoção social, Márcia Werneck.
Segundo Barbosa, a sala não será desocupada enquanto os alunos não forem atendidos pelo reitor, Flávio Fava de Moraes. Haveria nova assembléia ontem à noite. Cerca de 50 alunos passariam a noite na Coseas.
A reitoria divulgou nota condenando a invasão e afirmando que tomou "providências legais cabíveis para responsabilizar criminalmente" seus autores. Na nota, afirma que só vai dialogar quando os alunos saírem da sala do Coseas.
O novo regimento estipula que, para manter o direito a morar no Crusp, o aluno passe em 80% dos créditos. Os alunos querem que volte a valer a norma anterior -aprovação em 67% dos créditos.
Segundo os alunos, o regimento preveria o fim da figura do hóspede. Corrêa diz que a intenção é apenas regulamentá-la.
Segundo ele, o regulamento, que começou a ser votado na segunda, prevê que possam ser hóspedes alunos com autorização dos moradores e do Coseas, nestas condições: ingressantes que esperam o resultado da seleção; alunos considerados carentes no processo, mas que tenham ficado de fora por falta de vagas; alunos que tenham tido sua situação socioeconômica mudada depois da seleção; e alunos que ingressaram na USP após a seleção para o Crusp.
Os alunos querem ainda a volta de uma comissão paritária -formada por um representante da Associação de Moradores do Crusp, um do DCE e um da Coseas.
Uma das funções da comissão era julgar recursos de alunos que não conseguiram a aprovação no número mínimo de créditos.
A comissão foi substituída por outra, mista, em que os alunos têm participação minoritária. Segundo Corrêa, no sistema anterior, os alunos eram maioria e aprovavam quase todos os recursos.
Os estudantes disseram ter encontrado material de campanha do candidato à prefeitura de São Paulo, José Serra (PSDB) na sala.
Corrêa diz que o material não estava lá antes da invasão. "Minha militância no PSDB não é novidade, mas não faço campanha desde que assumi a Coseas."
Na nota, a reitoria condena a "tentativa inescrupulosa de exploração político-partidária".
Teria sido achada na sala, ainda, uma carta de um deputado pedindo vaga na moradia para um estudante. Corrêa diz que pedidos assim são comuns e ficam arquivados. "Não participo da seleção."

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