São Paulo, quinta-feira, 26 de setembro de 1996
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FIM DO VESTIBULAR?

Ninguém tem dúvidas acerca de algumas das inadequações do sistema vestibular. Os jovens são submetidos a um estresse que em nada contribui para sua saúde. Há escolas que foram completamente desvirtuadas em sua proposta pedagógica, tornando-se apenas instituições especializadas em ensinar as pessoas a preencherem corretamente testes de múltipla escolha.
Nesse sentido, a proposta da chamada avaliação seriada, ou seja, um acompanhamento do desempenho do aluno durante o segundo grau para depois selecioná-lo para uma vaga na universidade é de fato interessante. Aliás, é mais ou menos o que se faz de um modo geral na Europa e nos EUA. Em vez de submeter o aluno a uma única prova tão estressante e antipedagógica como o vestibular, procura-se fazer uma avaliação mais global de seu desempenho escolar.
Essa medida, já adotada parcialmente na UnB de Brasília, tem a vantagem de estimular uma maior concorrência entre as escolas, tendendo a melhorar o nível de ensino.
Um risco, contudo, seria confiar nas notas atribuídas pelo próprio colégio. É óbvio que surgiriam arapucas que dariam nota dez a todos os alunos apenas a fim de fazê-los entrar nas melhores universidades. Daí surge a necessidade de se criar um exame nacional público para cada ano do segundo grau.
O ministro da Educação, Paulo Renato Souza, também parece correto ao preferir uma transição mais lenta, limitando inicialmente o número de vagas a serem preenchidas por esse novo sistema. Em primeiro lugar, uma mudança abrupta mexeria com todo o sistema educacional como está atualmente concebido, o que é impraticável em curto prazo.
No mundo moderno, a educação é o maior bem disponível. Qualquer aprimoramento no sistema educacional é mais do que bem-vindo.

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