São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 1996
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Déficit público atinge R$ 51,3 bi com FHC

GUSTAVO PATÚ
COORDENADOR DE ECONOMIA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O déficit público ultrapassou a casa dos R$ 50 bilhões na administração do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Segundo os números divulgados ontem pelo Banco Central, a União, os Estados e municípios e as estatais gastaram exatos R$ 51,317 bilhões acima de suas receitas do início do ano passado até o último mês de julho.
Esse dinheiro foi tomado emprestado dos bancos, que deixaram de financiar o setor produtivo na mesma proporção.
Como comparação, os recursos enterrados nos governos seriam suficientes para financiar a safra agrícola por dez anos, tomando por base os R$ 5,2 bilhões anunciados para este ano.
Ou para cumprir quase todo o Plano de Metas, que inclui 42 projetos e prevê gastos de cerca de R$ 54 bilhões até o fim de 1998.
Há exemplos concretos de como a crise financeira do setor público, que disparou no governo FHC, afeta os investimentos.
Só a CEF (Caixa Econômica Federal) socorreu os Estados com empréstimos de R$ 2,1 bilhões do ano passado para cá.
O banco, porém, não emprestou um centavo em financiamentos habitacionais para a classe média.
Quando elaborou o Plano Plurianual, prevendo investimentos públicos e privados de R$ 460 bilhões até 1999, o governo contava com déficit zero durante todo o mandato de FHC.
Metas
Os números das contas públicas pioraram em julho e se distanciaram ainda mais das metas da equipe econômica para 1996.
O buraco acumulado neste ano chegou a R$ 15,757 bilhões, o equivalente a 3,72% do PIB (Produto Interno Bruto, a soma dos bens e serviços produzidos no país).
Depois de fechar o ano passado com déficit de 5% do PIB (R$ 35,559 bilhões), o Ministério da Fazenda previu que o percentual cairia pela metade neste ano.
Já no primeiro semestre, o rombo ficou em 3,64% do PIB.
As estatísticas devem mostrar números ainda mais negativos quando forem divulgados os resultados de agosto. Embora o déficit do mês passado ainda não esteja calculado, sabe-se que houve um crescimento em relação às previsões iniciais feitas pelo governo.
Com a inflação próxima a zero, aumentaram as despesas com juros reais (acima da correção monetária) na contabilidade oficial.
Proer
Uma parte dos gastos recentes do governo federal ainda não foi incluída nas estatísticas do déficit público. É o caso de operações do Proer -programa oficial de socorro aos bancos.
Conforme a Folha noticiou na semana passada, em agosto venceram, sem pagamento, empréstimos aos bancos Econômico, Mercantil e Banorte.
O BC informou ontem que R$ 5,9 bilhões em empréstimos ao Econômico e ao Mercantil foram considerados encerrados e transferidos para outra parte da contabilidade. O que restou dos dois bancos será vendido pelo BC no processo de liquidação. Se o dinheiro não for recuperado, ele será contabilizado como prejuízo.

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