São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 1996
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Acusada de envenenar filhas é presa

DA SUCURSAL DO RIO

A faxineira Angela de Freitas, 36, foi presa ontem em flagrante sob a acusação de ter dado veneno de ratos às três filhas. A mais nova, Viviane, 10, morreu ontem.
Segundo a polícia, Angela também tomou o veneno.
As duas outras filhas -Michele, 13, e Débora, 12- devem ter alta hoje no hospital.
Angela disse aos policiais que tudo não passou de um acidente, pois teria pego uma lata de chocolate Nescau sem perceber que havia veneno dentro.
Ao deixar o hospital, Angela foi levada para a 38ª DP.
O delegado titular, Carlos Augusto Ribeiro Dantas, mandou prendê-la sob as acusações de homicídio e tentativa de homicídio.
Viúva há dois anos, Angela estaria deprimida por estar sem dinheiro e por ter sido abandonada há quatro meses por um pedreiro conhecido como João.
A faxineira vivia com as três filhas em uma modesta casa de vila em Irajá (zona norte do Rio).
Na delegacia, ela disse ao delegado que guardava veneno de ratos, em forma de chumbinho, em uma lata de Nescau. Angela teria o costume de misturar o veneno com o pó de chocolate para atrair ratos.
O delegado não acreditou na faxineira. Foi encontrado um bilhete dentro de uma Bíblia, supostamente escrito por Angela. Para Dantas, isso comprova que ela tentou matar as filhas e se suicidar.
No bilhete, Angela teria afirmado que não queria que "o João e a raça dele pisassem" em sua casa e que ela não aceitava "um centavo sequer" do pedreiro para o pagamento do enterro.
A faxineira teria dito que esperava "descer à sepultura" com o seu desejo atendido. "Não quero que ele (João) coloque os olhos nem em mim, nem nas meninas."
Segundo Dantas, a faxineira contou que só escreveu o bilhete ao perceber que ela e as filhas haviam tomado chocolate envenenado.
O soldado da PM Antônio Carlos Lopes, 32, que mora na mesma vila, foi uma das primeiras pessoas a socorrer a família, por volta das 22h40 de anteontem. Ele também não acredita na faxineira.
Segundo ele, a faxineira passava necessidades financeiras. "Ela estava com o aluguel atrasado há quatro meses." Lopes disse que, no hospital, quando sua mulher perguntou à faxineira o motivo de ter tomado e dado veneno para as filhas, Angela teria respondido: "Fiz isso por necessidade."

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