São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 1996
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Roque Fernández diz que não entende os grevistas

DE BUENOS AIRES

O ministro da Economia da Argentina, Roque Fernández, disse ontem que não entende os sindicalistas que promoveram a greve geral -a segunda desde que assumiu o cargo, no dia 29 de julho.
"Os indicadores econômicos são muito favoráveis. Há uma franca reativação da economia com estabilidade. Não entendemos bem quais são os verdadeiros motivos da greve, além do aspecto político de que alguns setores procuram se manifestar contra o modelo econômico", disse Fernández, em entrevista a jornais brasileiros.
A principal bandeira dos grevistas é o combate ao projeto de flexibilização das leis trabalhistas. Segundo o ministro, é justamente a flexibilização que permitirá a redução do desemprego, que hoje atinge cerca de 2 milhões de trabalhadores (17,1% da população economicamente ativa).
"Com a reforma, o índice de desemprego pode cair até um ponto percentual a cada seis meses", disse Fernández, que também previu um crescimento de 3% a 4% na economia argentina em 1996 e de "pelo menos 5%" em 97.
Outra medida que, segundo o ministro, permitirá a criação de novos empregos é a redução dos impostos sobre a mão-de-obra. A avaliação dos sindicalistas, porém, é que a medida -em vigência desde o ano passado- beneficiou apenas os empresários.
Fernández reconheceu que o problema fiscal do país foi gerado, em grande parte, graças à redução das contribuições patronais ao sistema de seguridade social. "Foi uma medida necessária e corajosa", afirmou.
Ao analisar as economias da Argentina e do Brasil, Fernández previu um forte crescimento do comércio bilateral e dos investimentos no Mercosul.
Ele anunciou ontem a intenção de negociar com os parlamentares governistas um projeto de privatização do Banco Hipotecário Nacional, avaliado em US$ 3 bilhões.

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