São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 1996 |
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Petrobrás, hipocrisia e FHC
FERNANDO RODRIGUES Brasília - Sempre diligente, o Partido dos Trabalhadores (PT) solicitou ontem à Procuradoria Geral da República a abertura de um inquérito civil público para investigar os anunciados gastos com publicidade do governo federal no final deste ano.Pode dar em nada. Mas já é alguma coisa para estancar a hipocrisia da propaganda oficial. Apesar de o PT, erradamente, não aprofundar em sua representação o problema principal. A questão central, no caso, é que FHC diz não ter dinheiro para fazer propaganda das suas ações na Presidência da República. Isso é verdade. Acha então natural que os outros façam publicidade para ele. O presidente manda a Petrobrás -empresa que deveria se preocupar em encontrar mais petróleo no país- gastar dinheiro público com comerciais na TV elogiando o Plano Real. Esse fingimento, é bem verdade, não é exclusividade do governo tucano. O arranjo serviu a vários presidentes da República. Agora, a partir de novembro, a nova brincadeira de falar bem do governo na TV vai custar entre R$ 8 milhões e R$ 10 milhões, segundo o porta-voz Sergio Amaral. Parte dessa gastança será custeada pela Petrobrás. O objetivo velado da campanha é consolidar um apoio da população à tese da reeleição. Como se sabe, é também a partir do final de novembro -mesma época da veiculação dos comerciais do governo na TV- que a emenda da reeleição será analisada pela Câmara. Há quase dois anos no cargo, FHC não solicitou ao Congresso a criação de uma verba publicitária para a Presidência da República. Quando quer fazer uma campanha sobre o Plano Real, FHC não pensa duas vezes. Olha em direção aos ministérios e escolhe alguém para ser sua boca de aluguel. Não há dúvida que um governo tem de informar a população sobre suas ações. Aliás, isso é um dever. Mas também é um dever informar em seu próprio nome, governo. E não usar hipocritamente uma estatal. Texto Anterior: A fronteira da inocência Próximo Texto: O novo e o velho Índice |
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