São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 1996 |
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O novo e o velho
LUIZ CAVERSAN Rio de Janeiro - Na sua reta final, a campanha eleitoral no Rio de Janeiro assume ares de Assembléia constituinte. Temas como aborto, união entre homossexuais, descriminação das drogas e adoção de crianças passaram a polarizar as atenções, fazendo muito mais barulho que assuntos realmente relevantes ao pleito, como hospitais municipais, saneamento, trânsito.Tudo começou com o candidato Luiz Paulo Conde (PFL) voltando a afirmar que considera o aborto uma questão que cabe à mulher grávida resolver (ele já afirmara isso à Folha no começo do mês) e também que não é contra a união entre homossexuais. Foi o suficiente para que o seu principal oponente, Sérgio Cabral Filho (do PSDB e segundo colocado nas pesquisas, atrás de Conde), passasse a explorar esses temas polêmicos na propaganda da TV. Evidentemente detonando o pefelista. Além da impropriedade da discussão numa campanha para eleição municipal -afinal, prefeito algum vai decidir qualquer coisa a respeito dessas questões, seja lá qual for sua opinião a respeito-, o que chama a atenção é a posição que os personagens assumiram no embate. Pelo menos em tese, ser a favor do aborto e da união entre homossexuais "não pega bem" num senhor de 62 anos, avô e candidato por um partido conservador como o PFL. No sentido contrário, seria até "normal" para Sérgio Cabral Filho, 33 anos, e do supostamente progressista PSDB, defender ou pelo menos aceitar, ele sim, tais teses. Respeitando a opinião de cada um, nada a discutir, uma vez que, repita-se, tais temas são estranhos à eleição de prefeito. Mas deve-se registrar o oportunismo do marketing da campanha de Cabral, que não perdeu a oportunidade de tentar diminuir a diferença que o separa do líder Conde nas pesquisas (algo em torno de oito pontos percentuais), mesmo que para isso tenha tido de assumir o papel de guardião moral da sociedade. Texto Anterior: Petrobrás, hipocrisia e FHC Próximo Texto: Fora ogivas nucleares Índice |
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