São Paulo, sábado, 28 de setembro de 1996 |
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Agenda de Loyola causa especulação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA REPORTAGEM LOCAL Uma mudança de última hora na agenda do presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, provocou ontem especulações em Brasília e no mercado financeiro sobre sua saída do cargo.Loyola deveria ter viajado pela manhã para São Paulo, o que só aconteceu à tarde. Da capital paulista, seguiu para Washington (EUA), para reuniões no FMI (Fundo Monetário Internacional) e no Bird (Banco Mundial). O presidente do BC negou, em São Paulo, estar demissionário. "Isso é pura invenção", afirmou Loyola à Folha. O presidente do BC disse que não sabe a quem atribuir os boatos sobre sua saída. Para ele, isso só pode ser ação de especuladores de plantão interessados em tumultuar o mercado. 'Urgência' Pela manhã, a assessoria de Loyola convocou, às 10h, "com urgência", jornalistas para uma entrevista no BC. Não houve a entrevista. Loyola reuniu-se com o presidente Fernando Henrique Cardoso no Palácio da Alvorada (residência oficial). Reynaldo Ferreira, assessor de imprensa do BC, afirmou que o objetivo da entrevista era anunciar "uma coisa" que podia "ou não acontecer". Anteontem, às 20h, o Palácio do Planalto havia divulgado uma alteração nas regras das intervenções federais no mercado financeiro, permitindo ao BC manter abertos bancos que, pela legislação anterior, deveriam ser liquidados. Bancos problemáticos A alteração foi incluída na reedição da MP que deu ao BC poderes para mudar o controle acionário de bancos problemáticos. Com a nova redação, o BC pode aplicar um Raet (Regime de Administração Especial Temporária, aplicado hoje, por exemplo, no Banespa) em bancos em situação financeira considerada grave. Esse tipo de regime, que mantém o banco operando normalmente sob administração do BC, não é do agrado da diretoria do banco. O próprio Loyola chegou a assinar documento, em 1993, chamando o Raet de "pretenso bálsamo milagroso". Por decisão política, o Raet tem sido usado em bancos estaduais quebrados. Na gestão Loyola, o regime só foi aplicado para vender o banco em seguida, como aconteceu no caso do Nacional. Ontem, Loyola afirmou que as modificações, que "visam ao aperfeiçoamento da MP", foram sugeridas pelo próprio Banco Central e não supostamente pelo Ministério da Fazenda em conjunto com o Palácio do Planalto. Negativas Segundo a versão divulgada pelo governo, Loyola foi chamado ao Alvorada para expor a FHC os temas que serão tratados nos EUA. O presidente do BC também teve que negar a sua demissão na semana passada. No atual governo, a saída de Loyola foi estudada durante as crises envolvendo os bancos Econômico e Nacional. FHC pediu que ele ficasse. Anteontem, a agenda de Loyola fora do BC limitou-se a um encontro com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Sepúlveda Pertence. O encontro destinava-se a discutir a situação dos funcionários do BC, que estão precipitando pedidos de aposentadoria desde que o STF decidiu, no mês passado, que eles são servidores federais. Texto Anterior: Reeleição tem prioridade, afirma Maciel Próximo Texto: Tensão no BC Índice |
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