São Paulo, sábado, 28 de setembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para diretor, particular deve fazer prova

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O diretor do Colégio Bandeirantes, Mauro de Salles Aguiar, 46, defendeu ontem a obrigatoriedade de escolas particulares participarem da avaliação de desempenho de alunos feita pela Secretaria de Estado da Educação de São Paulo.
Ontem, a Folha publicou com exclusividade os resultados das provas feitas em abril por 90% dos estudantes da rede estadual, 10% de redes municipais e 1% de escolas particulares, da 3ª e 7ª série do 1º grau.
O relatório da avaliação mostra que os alunos das cem melhores escolas estaduais de 3ª série têm notas médias muito semelhantes às 23 escolas particulares que se submeteram às provas.
Essas escolas particulares são todas associadas ao Grupo, que reúne 56 colégios de elite no Estado.
Segundo o diretor do Bandeirantes -um dos colégios mais bem equipados de São Paulo-, o resultado obtido pelas escolas particulares "foi interessantíssimo".
"Nós, do Bandeirantes, já tínhamos recebido os resultados e começamos a trocar informações com outras escolas."
"Percebemos que algumas tinham resultados melhores em determinadas áreas e começamos a promover intercâmbio de professores para trocar experiências", afirma.
Para Aguiar, "na Constituição é claro que o Estado não deve controlar os preços, mas sim a qualidade do ensino particular".
Ele defendeu ainda que a Secretaria da Educação deveria divulgar, inclusive, a nota de cada escola. "Isso faria todo mundo correr atrás da qualidade."
A secretária da Educação, Rose Neubauer, pretende, na avaliação que será feita em abril de 1997 com alunos de 4ª e 8ª séries, ampliar a participação tanto da rede particular como da municipal, mas disse que pretende conseguir a adesão voluntária das escolas.
Ensino bom ou ruim
Os resultados da avaliação dos alunos da rede estadual foram bons na 3ª série (média 7 em português e 6,5 em matemática) e muito fracos na 7ª série, que só tirou média acima de 5 em português no período diurno.
A explicação de especialistas para isso é que a 1ª e a 2ª série da rede estadual vêm recebendo atenção especial há 12 anos -não se reprova tanto, há materiais especialmente produzidos pela secretaria e os professores são bem formados.
"Isso mostra que a divisão não é mais entre escola particular e escola pública, mas entre escola boa e escola ruim", afirma Mario Sergio Cortella, 42, ex-secretário municipal de Educação de São Paulo.
Para ele, a implantação de ciclos em que não haja reprovação é válida, pelo que mostraram os resultados da pesquisa.

Texto Anterior: 'Armazenagem é adequada'
Próximo Texto: 60% dos alunos da 7ª série noturna trabalham
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.