São Paulo, sábado, 28 de setembro de 1996
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Mal de Alzheimer terá exame de sangue

NOELLY RUSSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em dois anos os norte-americanos esperam poder executar exames de sangue que detectem o mal de Alzheimer, doença degenerativa que ataca as células do cérebro.
Um dos sintomas mais comuns é a perda de memória. O diagnóstico hoje só é possível a partir da observação dos sintomas, que se manifestam quando a doença já apareceu. Outro método, pouco usado, é a biópsia cerebral.
O diagnóstico feito por exame de sangue vai permitir o acompanhamento médico antecipado da doença e vai facilitar a procura por um tratamento adequado -hoje, a doença não tem tratamento e leva o paciente à morte.
Segundo o geriatra norte-americano David Polakoff, professor na Universidade de Harvard, os médicos vão procurar a presença do gene mutante que provoca o mal de Alzheimer.
Polakoff e outros especialistas da universidade participam do 1º Curso de Medicina Geriátrica em São Paulo. O curso faz parte de um convênio assinado entre o Hospital Sírio-Libanês e a Universidade de Harvard, uma das mais conceituadas dos EUA. O convênio prevê cursos em todas as áreas médicas e intercâmbios de profissionais.
"O mal de Alzheimer é o grande terror dos pacientes na terceira idade. Um estudo realizado em Boston mostrou que 50% dos idosos com mais de 85 anos tinham a doença", disse Polakoff.
Mas, para ele, a doença é só um dos aspectos a ser observados no tratamento de idosos. "Há outras doenças comuns, mas o objetivo do geriatra é principalmente manter o idoso saudável e proporcionar a melhor qualidade de vida."
Segundo Polakoff, norte-americanos e brasileiros precisam se preparar para conviver com os idosos. "Em dez anos, os EUA terão mais pessoas velhas. O país tem uma população jovem e precisa aprender a tratar os idosos."
Outra geriatra e professora de Harward, Jeanne Y. Wei, afirma que o objetivo dos geriatras nos EUA é o de aprender cada vez mais sobre o processo de envelhecimento e a partir daí obter diagnósticos mais adequados para pacientes da terceira idade.
"Quando se tem um paciente idoso, ele deve ser atendido e observado de maneira global. A maioria dos idosos acima de 65 anos tem entre seis e sete doenças crônicas", diz.
Para ela, o tratamento deve levar em conta as síndromes. "Um remédio cura uma coisa e piora outra. O diagnóstico deve ser global."

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