São Paulo, sábado, 28 de setembro de 1996
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Dekasseguis são explorados

ESPECIAL PARA A FOLHA

Os dekasseguis (estrangeiros que trabalham no Japão) chegam a enfrentar mais de 12 horas de trabalho por dia.
Apesar de o governo japonês ter regularizado o trabalho dos dekasseguis em 92, ainda há os que trabalham irregularmente, sem seguro social e sem assistência médica.
Estima-se que estejam no Japão mais de 200 mil dekasseguis brasileiros. Em 1995, eles enviaram ao país cerca de US$ 2 bilhões.
Segundo o professor Toshio Yamaguchi, no Japão, todos os trabalhadores fazem horas extras (ninguém cumpre a jornada de 40 horas semanais) e não tiram os 20 dias de férias a que têm direito.
O trabalhador japonês costuma tirar férias de apenas duas semanas (70% dos 20 dias a que tem direito por lei). "Ele vende o resto das férias. É um pouco ilegal, porque na verdade as empresas estão obrigadas a dar os 20 dias", informa Yamaguchi.
O professor diz que a concepção de trabalho é diferente no Japão e no Brasil. No Japão, o trabalho é considerado uma virtude.
"Aqui, o trabalho é um castigo dado por Deus aos homens, depois que Adão e Eva cometeram o pecado original", diz.
Yamaguchi afirma que os japoneses trabalham o que for preciso em atitude de colaboração com a empresa.
Mas o professor reconhece que, às vezes, as companhias abusam desse espírito de colaboração. Comprovado o abuso, a empresa pode ser condenada a pagar multa.

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