São Paulo, sábado, 28 de setembro de 1996
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Arquivo ganha luz para comemoração

ERIKA SALLUM
FREE-LANCE PARA FOLHA

Depois de duas semanas sem energia elétrica, o Arquivo do Estado de São Paulo, na r. Dona Antônia de Queiroz (região central), voltou a ser iluminado anteontem, às 18h, mas apenas por algumas horas, durante o evento que rebatizou a instituição. O estabelecimento passou a se chamar Arquivo Público do Estado de São Paulo Dr. Manoel Epstein.
Devido à forte chuva que caiu na cidade há cerca de 15 dias, os problemas nas instalações elétricas do Arquivo -considerado o mais importante centro paulista de documentação- agravaram-se.
Segundo o secretário de Estado da Cultura, Marcos Mendonça, a medida foi tomada "para evitar maiores riscos".
"O sistema elétrico do Arquivo é extremamente precário. Foi feita uma vistoria para avaliar suas condições, e optamos por desligar a luz, resguardando, assim, a segurança dos funcionários", disse.
Anteontem, aconteceu a inauguração de uma placa em homenagem a Manoel Epstein, advogado judeu morto em 1993. Para o evento, o governo do Estado providenciou o fornecimento provisório de energia elétrica.
Depois da comemoração, que contou com a presença de Mendonça e do secretário de Estado de Esporte e Turismo, Israel Zekcer, autor do projeto de lei que deu o novo nome ao arquivo, a luz voltou a ser desligada.
Sol e janelas
O arquivo está fechado ao público, mas, mesmo sem luz, os funcionários estão trabalhando. A Folha apurou que o expediente de pesquisadores da instituição tem dependido do sol.
Funcionários estão dando preferência às salas com janelas grandes, em busca da luminosidade natural, e deixando de utilizar os computadores.
Indagado, em entrevista por telefone à Folha, sobre quais providências tomaria em relação ao problema, Marcos Mendonça disse que "uma empresa já está trabalhando no local".
Logo em seguida, a reportagem da Folha pôde ouvi-lo perguntando a uma pessoa próxima a ele se realmente havia um empresa responsável pelos reparos na fiação elétrica do estabelecimento.
Não havia. "Já foi feita uma vistoria, mas ainda temos de contratar uma companhia para realizar esse serviço, por meio de carta-convite, método pelo qual convidamos várias empresas a participar da concorrência. É um processo mais rápido", corrigiu, então.
"O atual prédio do arquivo é alugado e está deteriorado. Estamos construindo uma nova sede para os documentos", afirmou.
O projeto da nova sede, localizada na av. Voluntários da Pátria (Santana, zona norte de São Paulo), começou a ser elaborado no governo de Franco Montoro.
A mudança deveria ter começado em março deste ano, quando estariam prontos dois dos cinco blocos da construção. No prazo combinado, os elevadores ainda não tinham sido instalados.
A nova sede será entregue em dezembro, mas, segundo Ricardo Macari, engenheiro da Assessoria de Obras, "a mudança completa deve levar um ano".
Há cerca de duas semanas, o Arquivo do Estado está sem diretor. O historiador e professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista) Nilo Odália pediu demissão do cargo, que ocupava desde 1994.
"O arquivo não pode ser tratado como uma repartição pública comum, além de precisar de pessoal qualificado. Não sou um burocrata. Já que não liberavam verbas para pagar os funcionários, decidi sair", disse Odália.
A partir de segunda, o responsável pelo arquivo passa a ser o historiador e juiz aposentado Fausto Couto Sobrinho.

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