São Paulo, sábado, 28 de setembro de 1996 |
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Bethânia chega aos 50 com CD 'delicado' Estréia da artista em 65 é recuperada LUIZ CAVERSAN
O resultado, conforme ela mesma define, é um disco "delicado". Porque alegre e tranquila é como Maria Bethânia chega aos 50 anos, ela mesma diz. "Quando adolescente, eu era insuportável. A partir dos 25 anos passei a gostar mais de mim. E hoje é muito mais confortável viver comigo mesma." Durante conversa no estúdio em que prepara seu novo show (que estréia no Rio dia 10 de outubro e chega a São Paulo em dezembro), Bethânia não escondia o entusiasmo com os jovens compositores que participam do disco. Vão de Adriana Calcanhoto ("a esquisitice de suas composições laça as pessoas, que ficam no colo dela") a Chico César, passando por Orlando Morais, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes. Para este último ela não poupa elogios: "Adoro este poeta". Mas registra uma ausência sentida: a de Nando Reis, cuja composição não satisfez a ambos na medida em que pudesse ser definitivamente gravada. "Sinto falta do Nando Reis no disco". Chico Buarque Em contrapartida, o disco registra um reencontro emocionante para Bethânia: a participação de Chico Buarque em "Quando eu Penso na Bahia", de Ary Barroso. A última vez que ambos estiveram juntos foi em show e disco de 1975. Outro reencontro importante para ela foi com a canção "Chão de Estrelas", clássico de Orestes Barbosa e Silvio Caldas. "Há muitos anos eu queria essa música, mas a coisa não dava certo. Agora deu. Esse é um daqueles casos em que é a música que escolhe quem vai cantá-la". Essa confluência do novo com o tradicional patrocinada pelo seu disco reflete, segundo Bethânia, "a vitalidade, a generosidade dadivosa" da música brasileira. Tudo dentro de um contexto de muita alegria, "uma alegria que vem justamente da multiplicidade de ritmos que há no Brasil". E por falar no Brasil, Bethânia afirma estar plenamente satisfeita com a maneira como as coisas andam acontecendo no mundo cultural pátrio. "Estou feliz porque constato que todos estão se virando muito -na música, no cinema, em outras áreas também. Sinto que as coisas estão andando." E andando num ritmo que agrada à cantora porque contagiados pela felicidade e pela alegria. "Quando se diz que há uma saudade do tropicalismo, o que ocorre é a saudade da alegria daqueles tempos. Sim, porque nós, brasileiros, somos muito mais felizes do que deprimidos. E, quando fica sisudo, tem que fazer molinho." Texto Anterior: Luis Melo frustra em 'Sonata Kreutzer' Próximo Texto: Cantora foge do estrelato Índice |
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