São Paulo, sábado, 28 de setembro de 1996 |
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Cantora foge do estrelato
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
"Âmbar" é o álbum mais sóbrio e discreto que Maria Bethânia já concebeu. Aos 31 anos de carreira, ela renuncia aos excessos do estrelato para simplesmente cantar, bela e tristemente. O surpreendente é que o faz utilizando-se de compositores mais ou menos jovens que guardam em comum a característica de não primarem pela excelência -Chico César, Carlinhos Brown, Arnaldo Antunes, Adriana Calcanhoto. Bethânia desnuda nuances insuspeitadas de todos eles. O exemplo fatal é "Lua Vermelha", de Brown e Antunes, que chora a ausência de Luiz Gonzaga ("Lua vermelha/ Noite sem Luiz/ Toda sertaneja/ Eu sempre te quis"). Os versos por instantes assemelham-se aos daquele que é talvez o maior poema musicado da MPB, "Chão de Estrelas" (Orestes Barbosa-Silvio Caldas) -que sabiamente a diva inclui no CD, em leitura antológica. A Bethânia de duas décadas atrás também se faz ouvir: Chico Buarque canta com ela, 21 anos depois e com voz enfraquecida, "Quando Eu Penso na Bahia"; o irmão Caetano é autor de "Eterno em Mim", que remete ao Gonzaguinha que ela tanto gravou. No balanço das décadas, Bethânia até parece perdida no tempo, anacrônica de sobriedade e discrição. Mas, num tempo em que o próprio conceito de tempo se esfarela, a estrela enche de sentido a escolha. (PAS) Disco: Âmbar Artista: Maria Bethânia Lançamento: EMI Preço: R$ 18, em média Texto Anterior: Bethânia chega aos 50 com CD 'delicado' Próximo Texto: Estréia da artista em 65 é recuperada Índice |
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