São Paulo, sábado, 28 de setembro de 1996
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Netanyahu acusa Arafat pelo conflito

OLP acha entrevista 'cínica'

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, culpou o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, pelo incidentes dos últimos três dias.
Ele acusou Arafat de violar os acordos de paz e incitar os palestinos contra a polícia de Israel. "Não peço desculpas por nada nem me arrependo de ter aberto o túnel, que não tem nada a ver com o monte do Templo, não prejudica lugares sagrados e expressa a nossa soberania sobre Jerusalém."
O túnel a que se refere Netanyahu é o pivô dos conflitos entre palestinos e israelenses. Ele foi aberto na noite de segunda para terça-feira, em segredo, e passa perto da mesquita de Al Aqsa, a terceira mais importante do islamismo.
A obra tem o propósito oficial de incentivar o turismo, mas os palestinos dizem que é uma agressão a seus lugares sagrados.
"Lembrem-se, não foi uma combustão espontânea. Foi uma decisão política deliberada (a revolta palestina)", disse o premiê israelense.
O endurecimento de sua posição havia sido anunciado já na quarta-feira, quando Netanyahu dissera que não fecharia o túnel.
A decisão desagrada a maioria das potências ocidentais, que de forma mais ou menos aberta culpam Netanyahu pela crise.
Os EUA disseram ontem que esperavam para "muito breve" um encontro entre Arafat e Netanyahu. O país afirmou que os dois líderes devem anunciar o encontro.
Reação palestina
No começo da noite, representantes da Autoridade Palestina consideraram "cínica" a entrevista de Netanyahu. "As forças de segurança palestinas não começaram os ataques, a Autoridade Palestina não violou os acordos abrindo o túnel ou abrindo fogo na mesquita de Al Aqsa", disse Nabil Abu Rdainah, assessor de Arafat.
Para Mahmud Abbas, membro do comitê executivo da OLP conhecido como Abu Mazen, os ataques com tanques e helicópteros podem ser interpretados como uma declaração de guerra.
Até a noite de ontem (à tarde no Brasil), Arafat não havia respondido diretamente as críticas de Netanyahu.
O chefe do Departamento Político da Organização para a Libertação da Palestina, Faruk Kaddumi, pediu às Nações Unidas que enviem uma missão para avaliar a situação na região.
Ele fez o pedido diretamente ao Conselho de Segurança, na sede da entidade, em Nova York (leia texto nesta página).
O chanceler de Israel, David Levy, falou em seguida: "Venho refutar as distorções dos fatos que foram lançados sobre os dramáticos incidentes dos últimos dias". Para ele, há "uma tentativa orquestrada de pôr a culpa em Israel por todo o banho de sangue".

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