São Paulo, sábado, 28 de setembro de 1996
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Reeducar a escola pública

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Para quem estudou em escola pública (e só em escola pública), mas pôs os filhos em escolas particulares (e só escolas particulares), é uma agradável surpresa verificar que nem tudo está podre no mundo do ensino público.
Claro que não se trata de olhar a coisa com olhos de Pangloss. Os resultados globais das escolas públicas avaliadas pela Secretaria da Educação são tão ruins quanto se supunha, empiricamente, visto o problema do lado de fora e de longe, como é o meu caso.
Mas, nas cem melhores, o desempenho dos alunos mais ou menos empata com o de estudantes de um grupo importante e razoavelmente significativo de escolas particulares.
Há, aí, um dado relevante. Quando se supõe que um doente, no caso o ensino público, está com câncer em avançado estado, a única coisa que resta a fazer é resignar-se e rezar pela alma do paciente.
Quando se descobre que ao menos uma parte do corpo do paciente é capaz de mostrar uma reação saudável, pode-se pensar em curá-lo por inteiro ou, na pior das hipóteses, em torná-lo menos vulnerável.
Ou, posto de outra forma, o problema é grave, gravíssimo até, mas não se trata de um caso perdido.
Como agir, então? Como não sou especialista (aliás, não sou especialista em coisa alguma), limito-me ao que me parece óbvio: aprofundar a pesquisa, que parece ter sido meramente quantitativa, para descobrir por que algumas escolas permitem a seus alunos desempenho equiparável ao do ensino privado e outras ficam muito longe disso.
Apuradas as causas, difundi-las por todo o sistema, para que diretores, corpo docente e as APMs aprendam e adaptem o que for possível, para melhorar o desempenho de suas próprias unidades.
De alguma forma, puxar pelo positivo para demonstrar que é possível, sim, sair da escola pública sem complexo de inferioridade.

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