São Paulo, segunda-feira, 30 de setembro de 1996
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A proposta é ser solidário e não fazer caridade

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Solidariedade, não assistencialismo. Esse é o mote de um grupo de estudantes de São Paulo que está se organizando para "tentar fazer algo pelo Brasil".
Eles adotaram o nome Solidária Idade e se reúnem muito para discutir como agir sobre as desigualdades sociais do país e atrair mais jovens para o grupo. Mas recusam as formas de poder e organização tradicionais.
Não têm sede, não têm cargos, não têm líder e, talvez por isso, se divertem muito fazendo esse novo tipo de "política".
O próprio grupo é "flutuante". Seus membros às vezes aumentam -para mais de 50 jovens- ou diminuem -para menos de dez-, dependendo da época e das atividades em que estão envolvidos. Se há prova, o grupo fica reduzido.
Já fizeram reuniões em mais de 20 escolas desde 1994, participaram no ano passado do "Dia do Trabalho", organizado por estudantes secundaristas noruegueses para arrecadar dinheiro para projetos no Brasil (leia abaixo).
Realizaram este mês uma "semana de informação", com palestras, exposições e uma enorme festa, com 1.300 adolescentes. Arrecadaram R$ 1.800, que serão doados para a reforma de uma cooperativa de São Paulo que ensina jovens carentes a trabalhar.
Ontem, fizeram uma reunião no Colégio Equipe (zona oeste de São Paulo), onde esperavam reunir pelo menos 50 jovens para discutir os novos projetos do Solidária Idade.
Visão crítica
"Eu acho que a solidariedade é um ato que se faz em cima de um conhecimento e uma crítica sobre a realidade. Você ajuda uma pessoa, mas ela também te ajuda e aprende a se organizar em seus problemas", diz Paulo Pastorelo, 17, do 3º colegial do Equipe.
"Não adianta nada doar um agasalho para uma campanha em que você não conhece as pessoas envolvidas, não faz nada acontecer, só alivia o peso na consciência."
Os membros mais atuantes são de escolas que desenvolvem por sua conta ações sociais -como o Santa Cruz e o Nossa Senhora das Graças- ou são conhecidas por ter um ensino mais aberto -como o Oswald de Andrade e o Logos.

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