São Paulo, segunda-feira, 30 de setembro de 1996
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'Mostra equivale às do Primeiro Mundo'

IRINEU FRANCO PERPETUO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quem for ao parque Ibirapuera para ver o projeto "Antarctica Artes com a Folha" estará visitando uma mostra de nível equivalente às que acontecem no Primeiro Mundo. Assim pensa a norte-americana Lisa Philips, curadora do Whitney Museum of American Art, de Nova York.
"Não vejo muita diferença. Eles trabalham com os materiais que têm à mão, mas isso também acontece nos EUA", afirma. "Essa parece ser a característica dos artistas jovens no mundo todo."
Também norte-americano, Don Cameron (curador-sênior do The New Museum of Contemporary Art, em Nova York) enfatiza a importância do âmbito nacional do evento. "Muitos países tentam fazer isso, mas não conseguem, devido à forte diferença feita entre periferia e centro. O alto nível dos trabalhos desta mostra revela que essa oposição está superada."
Ao lado do brasileiro Paulo Herkenkoff (crítico de arte e curador independente), Philips e Cameron fazem parte do júri que vai selecionar os três vencedores do projeto.
Os artistas escolhidos ganham uma viagem de dez dias à Documenta, badalada mostra internacional que acontece em julho de 97, na cidade alemã de Kassel. O resultado será divulgado amanhã.
Para Cameron, não poderia haver troféu melhor. "Pessoalmente, sou contra prêmios. Mas é muito importante ir a Kassel e ver a última Documenta do século", diz.
Viagens são, na opinião dele, fundamentais para o desenvolvimento de qualquer artista. "Conheci muitos jovens que voltaram mudados de Kassel. Não se trata apenas de ver fotos em revistas: lá, eles podem tomar contato físico com a produção artística atual e refletir sobre ela."
O processo de seleção começou no sábado. Com o pavilhão Padre Manoel da Nóbrega ainda fechado para o público, o júri viu as obras expostas e assistiu às performances de Laura Lima, Rodrigo Saad (Cabelo), Marcelo Gabriel e do grupo mineiro O Grivo.
Quanto aos critérios de escolha, os jurados são evasivos. Philips diz que se trata de um "acúmulo de gostos e preferências pessoais".
Herkenkoff tenta ser um pouco mais objetivo: "Por enquanto, como espectador, estou curtindo tudo. Mas, como jurado, há que se lidar com uma série de variáveis, como o peso do fato visual trazido pelo artista".

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