São Paulo, sexta-feira, 3 de janeiro de 1997
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Situação inclui outros 200

FÁBIO SANCHEZ

FÁBIO SANCHEZ; RICARDO FELTRIN
DA REPORTAGEM LOCAL

A revelação de que o secretário-geral do PT, Cândido Vaccarezza, foi funcionário "fantasma" no gabinete do vereador malufista Brasil Vita (PPB) pode afetar a situação de cerca de 200 funcionários da prefeitura que prestam serviços a vereadores na Câmara.
O presidente da Câmara, Nello Rodolpho (PPB), afirmou ontem que, por causa da situação de Vaccarezza, reunirá os líderes das bancadas na Câmara e proporá que todos renunciem aos funcionários da prefeitura que têm à disposição.
Cada um dos 55 vereadores de São Paulo dispõe de 17 funcionários lotados em seu gabinete. Além disso, pode solicitar três funcionários da prefeitura.
Vaccarezza, que é médico concursado da prefeitura, estava na quota dos funcionários solicitados por José Mentor (PT), ex-líder da bancada de seu partido na Câmara.
Essa quota de três funcionários públicos indicados por cada vereador não é discriminada no Diário Oficial. A Câmara não divulga a lista, mas sabe-se que ela está em torno de 200 pessoas.
Independência
Nello Rodolpho, que assumiu a presidência da Câmara no dia 1º, disse que esse comissionamento de funcionários para vereadores "afeta a independência da Câmara", já que os vereadores ficam "devendo favores" à prefeitura.
Como presidente da Câmara, ele é o responsável pela solicitação do comissionamento de funcionários junto aos gabinetes dos vereadores. Portanto, se quiser, pode bloquear as nomeações.
Já no primeiro dia na presidência da Câmara, Nello Rodolpho pediu ao secretário de Governo da prefeitura, Edevaldo Alves da Silva, que não considerasse a lista de funcionários comissionados indicada por seu antecessor, Brasil Vita, do PPB, em dezembro.
Com isso, Rodolpho ganha mais poder dentro da bancada de seu partido. Ele venceu a eleição para presidente da Câmara derrotando o próprio Brasil Vita.
Se mantiver sua decisão, Rodolpho pode gerar uma crise junto às lideranças dos partidos na Câmara. Hanna Garib, líder do PPB, defende o comissionamento.
Segundo Garib, os vereadores solicitam funcionários da prefeitura apenas quando "necessitam de algum apoio técnico". O caso de Vaccarezza, segundo Garib, "foi um erro que não pode se repetir".
A líder da bancada do PMDB, Lídia Corrêa, disse ontem que os comissionamentos "são uma regra que já se consolidou". Ela também defende o "auxílio técnico" de funcionários da prefeitura.
Lídia Corrêa acredita que o descomissionamento de todos os funcionários que trabalham para os vereadores seria "um ato precipitado, baseado em uma análise superficial".
Rodolpho marcou uma reunião dos líderes das bancadas para a próxima segunda-feira.

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