São Paulo, sexta-feira, 3 de janeiro de 1997
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Filme mostra criatividade e loucura

ADRIANE GRAU
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Shine" mostra a história real do pianista David Helfgott, que na casa dos 40 retoma a brilhante carreira que havia sido interrompida duas décadas antes por causa de um colapso nervoso.
A narrativa emocional deixa platéias literalmente aos prantos. O molho especial está na interpretação de David adulto, por conta de Geoffrey Rush, um ator australiano estreante no cinema, mas consagrado nos palcos de seu país.
O filme começa quando um homem conturbado e carente se refugia de uma tempestade num restaurante. Molhado, ele espia pela janela e vê um piano. Quando seu dedos atingem o teclado, os olhares desconfiados dos frequentadores se enchem de admiração pela performance perfeita.
Voltando no tempo, o público se familiariza com o menino David. Talentoso e sufocado pelo pai autoritário, ele é criado sob uma severa rotina de prática de piano.
Imaturo e isolado, David (quando adolescente interpretado por Noah Taylor) cresce sob os cuidados extremos e o abuso emocional do pai. Sua fama se espalha por conta de um famoso tutor.
Seu talento logo extrapola o controle paterno e causa o choque que faz Peter bani-lo da família quando David resolve aceitar uma bolsa de estudos em Londres.
Lá, ele decide executar o dificílimo "Concerto nº 3 para Piano" de Rachmaninoff. A sequência mais bela mostra o pianista instantes antes do colapso nervoso que sofre após o concerto. O som desaparece e as batidas secas de seus dedos enchem a tela enquanto o suor pinga de sua testa. A audiência aplaude e ele desmaia.
Um pulo de 20 anos mostra que David foi internado numa instituição psiquiátrica e levou eletrochoques antes de se transformar no confuso homem que se refugia no tal restaurante.
É aí que se mostra seu triunfo emocional. Como na vida real, é gaguejando e agarrando em público os seios de mulheres ao seu redor que a lenda viva dos concertos restabelece sua trajetória.
Sob a intervenção da amada Gillian (Lynn Redgrave) ele finalmente se consagra como um dos maiores concertistas australianos dos anos 90. O casal continua morando na Austrália e colaborou na pesquisa para o filme.
(AG)

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