São Paulo, sexta-feira, 3 de janeiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Diretor brasileiro prepara co-produção com a Espanha

Diretor brasileiro prepara co-produção com a Espanha

ERIKA SALLUM
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Aos poucos, o cinema brasileiro recomeça a pular fronteiras.
Seguindo o exemplo de "O Judeu"(95) e "O Monge e a Filha do Carrasco"(95) -produzidos em parceria com outros países-, o Brasil se une à Espanha no projeto "Terra Negra", primeiro longa do mineiro Licio Marcos de Oliveira, 38.
Estão cotados para serem os protagonistas a atriz espanhola Marisa Paredes ("De Salto Alto" e "A Flor do Meu Segredo", ambos de Pedro Almodóvar) e o ator brasileiro Reginaldo Faria.
As filmagens só vão começar quando o orçamento, de US$ 1 milhão, for completado. A maior parte do dinheiro está sendo financiada por pequenas empresas da Espanha. Cerca de 20% será bancado por empresas brasileiras.
"Terra Negra" conta a história de uma mulher quarentona que se apaixona pela namorada do filho. Em vez de o fato ser encarado como um escândalo, a família, de classe média baixa, acaba aceitando que a matriarca viva com a moça.
"O enredo não tem uma frase ou toque moralista. É um filme sobre o amor puro", contou Oliveira em entrevista à Folha, por telefone, de Barcelona, cidade onde vive há mais de 10 anos.
A condição social dos personagens contribui para que o drama do longa-metragem seja tratado com menos preconceito, na visão do diretor: "É difícil para as classes mais altas enfrentarem esse tipo de situação".
O roteiro é assinado por ele e pelas espanholas Isabel Calpe e Alicia Pakareu e foi feito a partir de uma idéia proposta por Oliveira.
Ele contou que levou dois anos para chegar ao atual enredo do longa-metragem.
"Não podia começar a tocar o projeto até que não estivesse absolutamente seguro do roteiro."
Minas Gerais
Nascido em Viçosa, interior de Minas Gerais, Licio Marcos de Oliveira sempre foi um apaixonado pelo cinema.
Já fez de tudo um pouco: foi assistente de som, técnico de som, diretor de curtas, roteirista.
Até que resolveu ir à Espanha para apresentar uma de suas produções no Festival de Cinema de Bilbao.
Fez a viagem a bordo de um de navio. Quando chegou à Europa, a mostra já havia terminado. "Decidi, então, ficar por aqui."
Na Espanha, trabalhou com diretores como Imanol Uribe, Vicente Aranda, Ventura Pons e Gonzalo Herralde.
"Fiz com que as pessoas me conhecessem. Não adiantava nada dizer que tinha trabalhado com Bruno Barreto, pois os espanhóis sabem muito pouco sobre cinema brasileiro."
Ansioso pelo início das filmagens, Oliveira tem de conseguir os 20% que faltam do orçamento.
"Até o final de 97, quero ver esse filme pronto", decreta.

Texto Anterior: Filme mostra criatividade e loucura
Próximo Texto: Cozinheiros testam livros de culinária
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.