São Paulo, sexta-feira, 3 de janeiro de 1997
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O espelho de Jânio

ANTONIO CARLOS DE FARIA

Rio de Janeiro - O novo prefeito do Rio começa a missão de provar que é algo além do que um produto da imaginação de Cesar Maia.
Conde tem o desafio de ser mais do que um factóide, a expressão cunhada por Maia para suas jogadas de marketing, canhestras imitações do estilo janista.
Antes de o jogo começar, Conde apresentou suas credenciais: um arquiteto respeitado por seus colegas, um homem que alia o conhecimento acadêmico à experiência profissional.
Pode surpreender ao executar uma gestão que se preocupe com a qualidade de vida da maioria dos moradores da cidade.
Pode também confirmar as expectativas e continuar o projeto de trampolim eleitoral de Cesar Maia.
Para gerar ganhos eleitorais, o ex-prefeito só começou a executar o seu programa de obras nos últimos dois anos de mandato. Submeteu a cidade ao caos dos buracos e congestionamentos, confiando que o sofrimento teria um efeito de sedução perversa sobre o eleitor.
A própria eleição de seu sucessor mostra o quanto Cesar Maia estava certo quanto à psicologia eleitoral. O ex-prefeito provou a todos o quanto é hábil na arte da política.
Conde se elegeu dizendo que não é um político profissional. Seria bom que, agora no poder, não tentasse provar o contrário.
Ele tem a chance de ser para o Rio o prefeito-arquiteto preocupado com as consequências que suas intervenções têm na vida das pessoas.
Isso não significa fazer uma gestão essencialmente técnica, desprezando a interlocução política. Mas viver a política como condição básica para se estabelecer prioridades, definir caminhos da administração. Nunca como um meio para se tornar uma versão patética de Jânio Quadros.

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