São Paulo, domingo, 5 de janeiro de 1997
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Empresas não-financeiras lideram compra de estatais

VIVALDO DE SOUSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As empresas brasileiras não-financeiras foram as principais compradoras das estatais federais privatizadas entre 1991 e 1996.
Elas pagaram US$ 5,863 bilhões ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Ou seja, pagaram 43% dos US$ 13,620 bilhões que o governo arrecadou com a venda de 52 empresas ou participação acionária.
As instituições financeiras ficaram em segundo lugar, com US$ 2,616 bilhões (19% do total).
As pessoas físicas e os investidores estrangeiros ficaram quase empatados na disputa pela compra de estatais federais. Enquanto os estrangeiros gastaram US$ 1,865 bilhão, as pessoas físicas pagaram US$ 1,796 bilhão.
Os dados constam de relatório concluído no dia 20 de dezembro pela Secretaria de Desestatização do BNDES. Não estão incluídos no relatório os dados com a venda de empresas estatais estaduais -mais US$ 1,240 bilhão em 1996.
A maior parte dos pagamentos não foi feito em dinheiro. O pagamento em dinheiro correspondeu a US$ 4,946 bilhões ou 36,31% dos US$ 13,620 bilhões arrecadados em seis anos, segundo o BNDES.
Moedas
Como principais compradoras, as empresas não-financeiras aproveitaram títulos públicos de dívidas federais para adquirir estatais.
Segundo o BNDES, esse tipo de "moeda" somou US$ 4,060 bilhões no período (30% do total).
As debêntures da Siderbrás -consideradas "moedas podres"- foram responsáveis por mais US$ 1,496 bilhão (11% do total). Outro US$ 1,291 bilhão em Certificados de Privatização também foi usado no pagamento.
Entre as chamadas "moedas podres", o BNDES recebeu ainda US$ 798 milhões de TDAs (Títulos da Dívida Agrária) como pagamento de empresas privatizadas. São títulos do próprio governo, mas de difícil recebimento.
A receita obtida com a venda de estatais federais veio principalmente da venda de empresas do setor siderúrgico -US$ 5,562 bilhões ou 40,84% do total de US$ 13,620 bilhões, segundo o BNDES.
Os setores petroquímico e elétrico praticamente empataram. A venda de empresas do primeiro gerou receita de US$ 2,698 bilhões (19,81%), e a privatização de empresas do setor elétrico gerou mais US$ 2,720 bilhões (19,97%).
A atual fase do programa de privatização, iniciada no governo Fernando Henrique Cardoso, incluiu a concessão de serviços públicos e não apenas a venda de estatais do setor produtivo.
O principal objetivo dessa mudança, segundo o governo, é substituir o setor público nos investimentos em infra-estrutura para responder às necessidades de crescimento econômico e reduzir custos de produção.

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