São Paulo, domingo, 5 de janeiro de 1997
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Espanha dá aula de etiqueta a políticos

El País
de Madri

PAZ ÁLVAREZ

A boa educação manda que o cavalheiro se adiante à dama na hora de subir uma escada.
Mas, quando chegam ao patamar, e antes de entrar no salão, é ela quem deve tomar a dianteira -sempre de braços dados com o cavalheiro.
Também deve ser a dama a primeira na hora de descer a escada.
Estas e muitas outras normas de etiqueta fazem parte de um cursinho que está sendo promovido esta semana pelo Conselho de Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da Comunidade de Madri, dirigido aos prefeitos e vereadores dos 179 municípios da região.
O mais importante é que eles aprenderão a evitar gafes em eventos oficiais.
Novato
Foi no cursinho que o prefeito de Alameda del Valle, Florentino Sanz, do Partido Popular, primeiro ouviu falar na regra referente às escadas.
Procurou desculpar-se, explicando: "Sou um dos prefeitos mais novos, estou há pouco tempo no cargo e ainda ignoro muitas coisas. Foi por isso que vim ao cursinho, para não ter problemas com o protocolo".
Sanz comentou a recente visita à sua cidade do presidente da Comunidade de Madri, Alberto Ruiz-Gallardón. "Na hora do jantar, eu não sabia onde colocá-lo à mesa e passei por apuros até resolver a situação."
Para a diretora do curso, Pilar Benito, o mais difícil é saber se comportar.
"As regras existem, estão escritas, mas o que é preciso aprender é como se comportar, sobretudo as pessoas que ocupam cargos públicos e vivem sob o olhar do público e da crítica."
A idéia de que o mais difícil é saber se comportar é compartilhada por outro dos prefeitos, o de Gascones, Francisco Javier Briceño, também do Partido Popular, que afirma ser mais educado por já haver feito um curso de retórica.
Pés e mãos
Ele contou que nesse curso aprendeu uma das normas básicas que, para ele, todo homem público deve conhecer: onde colocar os pés e as mãos.
"Parece bobagem, mas na realidade é importante. As mãos devem estar sempre abertas, nunca escondidas. E os pés jamais devem ser enfiados embaixo da cadeira, senão a pessoa dá a impressão que tem algo a esconder. E isso, em se tratando de um prefeito ou de outro político, sempre é visto como atitude suspeita", assegura, sorridente.
"Eu sempre me complicava na hora de escolher os lugares a serem ocupados por pessoas importantes numa mesa. Por isso mesmo, é bom que nos ensinem essas coisas, já que nós, prefeitos de municípios pequenos, não temos chefes de protocolo."
Entre as coisas aprendidas no cursinho, o prefeito De Mateo destacou algo que sempre chamou sua atenção: a ordem correta das bandeiras.
"Na maioria das cidades menores as bandeiras são hasteadas ao avesso, com os escudos de costas para a rua."
O conselheiro de Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional, Carlos Mayor Oreja, que também está assistindo ao curso, costuma comentar com seus colegas: "É importante saber dirigir-se às autoridades".
Oreja reconhece que ele próprio infringe o protocolo. "Preciso me disciplinar mais".

Tradução de Clara Allain

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