São Paulo, domingo, 5 de janeiro de 1997
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Janeiro quente

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - A semana que começa hoje será o prenúncio de um janeiro quentíssimo em Brasília. O futuro de partidos, de políticos e da reeleição deve começar a ser definido.
A seguir, o que se pode esperar para os próximos dias:
1) reeleição - os apoios à emenda começarão a ser contabilizados em sua forma mais definitiva. Mas isso não significa que a comissão especial possa votar o tema já no dia 8, quarta-feira, como queria o governo. O mais provável é que tudo fique para depois do dia 12, quando o PMDB realiza sua convenção nacional.
Por enquanto, os dois lados cantam vitória. Só que se malufistas e tucanos tivessem tantos votos quanto alardeiam, a Câmara teria quase 700 e não apenas 513 deputados;
2) presidência da Câmara - completamente embolada, a disputa tende a continuar assim até o final do mês. O candidato do contra, Wilson Campos (PSDB-PE), de 72 anos, diz que não tem mais nada a perder na vida. Vai infernizar os governistas até o final;
3) presidência do Senado - em estágio semelhante à disputa pelo cargo na Câmara, ali existe um fator complicador de peso: Antônio Carlos Magalhães. Se o senador baiano não conseguir o posto, atazanará FHC por um bom tempo;
4) partidos ambíguos - o maior deles é o PMDB. Terá de dizer, de uma vez por todas, se quer ou não quer ser governo. Com a maior bancada na Câmara -mais de cem deputados-, terá papel fundamental na votação da reeleição. Outros que terão de se decidir também são PPB, PL e PTB;
5) Maluf - o ex-prefeito de São Paulo terá de provar que sua operação para retirada da próstata não deixou sequelas no apoio que diz ter em Brasília. Até agora, continua sendo uma incógnita o tamanho da bancada malufista nestes tempos de Plano Real;
6) FHC - o presidente diz que não vai manchar sua biografia comprando apoio de deputados. Não é o que seus adversários dizem.
Até o final deste mês, todos saberemos quem estava certo.

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