São Paulo, segunda-feira, 6 de janeiro de 1997
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Particulares ganham mais

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os hospitais da rede particular atendem 8,1% da população, mas consomem 20,5% da verba do Ministério da Saúde para atendimento ambulatorial. Os hospitais municipais, responsáveis por 59,9% do atendimento ambulatorial, recebem apenas 35,1% dos recursos federais para esse fim.
Isso acontece porque os hospitais particulares só aceitam pacientes da rede pública para tratamentos complexos, que são mais bem remunerados pela tabela do SUS (Sistema Único de Saúde).
É o caso, por exemplo, de hemodiálise, tomografias, hemodinâmica (exames cardiológicos especializados) e tratamento de câncer por quimioterapia e radioterapia.
O valor médio pago pelo SUS por uma sessão de quimioterapia é de R$ 397,06. Por uma sessão de hemodiálise, pagam-se R$ 73,73. E por exames hemodinâmicos, R$ 376,28.
Os próprios hospitais particulares admitem que concentram suas atividades nos procedimentos mais bem pagos pela tabela do SUS, deixando para a rede pública os mais trabalhosos e mal remunerados -como consultas simples e atendimento pré-natal.
"A tabela do SUS está muito defasada. Não há como fazer um parto com obstetra e anestesista e receber apenas R$ 116, que é quanto o Ministério da Saúde está pagando", afirma Carlos Eduardo Ferreira, presidente da FBH (Federação Brasileira de Hospitais).
Pela tabela SUS, uma consulta médica custa R$ 2,04. Sessão de fisioterapia sai por R$ 1,85.
O Ministério da Saúde estuda, desde o início de novembro, um aumento na tabela que estabelece o que o SUS paga aos hospitais conveniados.
Mais caro
A estratégia dos hospitais particulares fez com que o valor médio das internações na rede privada seja o segundo mais caro pago pela Saúde.
Em primeiro lugar vêm os hospitais universitários -em geral, centros de referência e pesquisa-, onde o valor médio da internação é R$ 530,81. O valor da internação nos privados é R$ 233,61 e nos públicos, R$ 187 em média.
(DF)

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