São Paulo, segunda-feira, 6 de janeiro de 1997
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França entra em conflito centro-africano

BETINA BERNARDES
DE PARIS

Tropas francesas estacionadas na República Centro-Africana mataram 10 soldados rebeldes e prenderam 30 em represália aos ataques de ontem, na capital do país, Bangui, quando dois soldados franceses morreram.
O governo da França disse que a ação de suas tropas era um caso de "legítima defesa". Nos combates de ontem, os franceses repeliram um ataque dos soldados amotinados, que tentavam se aproximar do Palácio Presidencial.
Há cerca de 1.300 militares franceses na República Centro-Africana. Eles fazem parte da força de conciliação acionada por quatro presidentes africanos na última cúpula franco-africana de Uagadugu (capital de Burkina Fasso, país do centro da África). O objetivo da reunião era chegar a uma solução para a crise.
Militares das Forças Armadas da República Centro-Africana estão amotinados desde 15 de novembro de 96. Eles querem a demissão do presidente Ange-Félix Patassé, a quem acusam de ignorar suas reivindicações salariais.
Um comitê de acompanhamento criado na cúpula, dirigido pelo ex-presidente do Mali Amadou Toumani Touré, havia obtido uma extensão da trégua assinada em 5 de dezembro até 23 de janeiro.
Vários países do centro e do noroeste da África foram colônias francesas.
Emboscada
O capitão francês Patrick-René Devos e seu ajudante, Gérard Giraldo, ambos de 34 anos, participavam, de acordo com o Ministério da Defesa da França, de uma missão de mediação do comitê de acompanhamento.
"Eles caíram em uma emboscada e foram deliberadamente assassinados pelos rebeldes", diz o comunicado oficial.
Segundo o ministério, as agressões armadas contra as forças francesas se multiplicaram na noite de sábado para ontem. Os militares franceses deram início então a uma operação "visando as posições tomadas pelos responsáveis por esses atos".
O coronel Henri Pélissier, assessor de imprensa das tropas francesas em Bangui, disse que a ação durou sete horas e mobilizou cerca de mil homens. Foram empregados dois helicópteros Puma.
Foram retomadas a usina Mocaf, o terminal de petróleo Pétroca e as torres de emissão de Bimbo.
Também foi apreendida uma quantidade "substancial" de armamentos, segundo o Ministério da Defesa. Entre as armas, há metralhadoras e foguetes.
Várias testemunhas viram dezenas de corpos de rebeldes serem transportados pela Cruz Vermelha após os confrontos da madrugada.

*Com agências internacionais

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