São Paulo, terça-feira, 7 de janeiro de 1997
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Produção de dance underground aumenta

ESPECIAL PARA A FOLHA

A popularização da dance musica underground também está se refletindo num aumento da música do gênero feita na cidade de São Paulo.
DJs como Mau Mau, Gil Barbara e Renato Lopes têm se dedicado muito ao estúdio.
Trabalhos dos dois primeiros podem ser encontrados nas compilações "Mau Mau Alive" e "Hell's Club".
Existem vários projetos acontecendo: nomes como Habitants, Nude Oil Filter, Ramilson Maia, Humane, Syntex e ELM Project, desconhecidos do grande público mas extremamente produtivos, têm inúmeras faixas já gravadas e shows bem-sucedidos em festas ou clubes underground.
Falta de divulgação
O maior problema enfrentado por esses músicos é a falta de canais para divulgar sua música. Renato Malim, 25, cabeça por trás dos Habitants, diz que "faltam espaços para tocar, os donos de lugares ainda estão muito fechados para esse tipo de som".
O Habitants lançou seu primeiro álbum o ano passado esgotando a primeira tiragem de 1.400 cópias. Malim acredita que o disco poderia ter vendido mais, só que sua gravadora, a Cri Du Chat, não deu continuidade ao trabalho, não o divulgando nem mandando fazer uma segunda tiragem.
Selo próprio
Ano que vem o grupo quer lançar seu segundo disco, provavelmente por um selo próprio. "As gravadoras não entendem o tecno, só querem lançar dance comercial. Dizem muito 'adoro seu trabalho, mas não dá para fazer algo mais acessível?'", afirma o líder dos Habitants.
Ramilson Maia, que recentemente lançou um single de tecno em vinil com quatro faixas totalmente independente, reclama que "embora tenha muita gente produzindo música, falta a mídia dar uma força, falta divulgação".
Maia bancou tudo no seu disco, da produção à prensagem de 500 cópias. Segundo ele, praticamente todas foram vendidas.
Maia diz também que tem feito diversos shows em lugares como Belo Horizonte, Sorocaba e na periferia de São Paulo, sempre com ótima recepção do público.
Autógrafo
"O tecno é muito forte na periferia. Em Perus dei até autógrafo", conta Maia.
Desiludido com as gravadoras que "não querem saber de nada que venda menos de 10 mil cópias", ano que vem ele pretende lançar seu próprio selo, o R Comunicações.
Ou seja, fazer música eletrônica no Brasil ainda é uma batalha árdua.
Mas os músicos não perdem o ânimo. "A coisa vai muito bem", sentencia Maia. "1997 vai ser o ano de glória do tecno no Brasil."

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