São Paulo, terça-feira, 7 de janeiro de 1997
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Aritmética política

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Pergunte a um deputado se ele é a favor ou contra a reeleição. Dos 513 que ocupam as cadeiras da Câmara, quase a metade tenderá a dar uma enrolada na hora de responder.
Talvez seja por isso que o governo e a oposição alardeiem ter a maioria dos votos na emenda da reeleição.
Como já foi registrado aqui, pela aritmética dos políticos, a Câmara teria de ter quase 700 deputados para que fossem verdadeiras as somas dos votos que cada um contabiliza.
Nessa guerra de números, verdade seja dita, são apenas os políticos contrários à reeleição que admitem falar abertamente quantos votos têm.
"Eles (os governistas) têm, no máximo, uns 280 votos a favor da reeleição", diz Delfim Netto (PPB-SP) a quem estiver interessado em ouvir.
Para uma emenda constitucional passar, como é o caso da reeleição, são necessários no mínimo 308 votos.
Essa maior loquacidade dos políticos contrários à reeleição permite duas análises principais. Primeiro, que a conjuntura realmente não seria muito boa para o governo. Ou, segundo, que a oposição tenta, na base da palavra, criar na marra um clima favorável para cooptar indecisos.
É muito improvável que alguém consiga acertar com precisão o placar final da votação da reeleição. Isso só será conhecido no dia.
As datas foram novamente modificadas ontem. Agora, a ordem é votar na comissão especial no dia 13, segunda-feira. No dia 15, à noite, seria a primeira votação em plenário.
Faltam, portanto, apenas oito dias para que FHC saiba se poderá -ou não- disputar um segundo mandato.
Como essas datas já flutuaram demais nos últimos dois meses, é melhor esperar para ver se vingarão desta vez.
"Só colocaremos no dia 15 em plenário se tivermos a certeza de ter os votos", explica um líder governista. Como era de se esperar, esse líder só fala de forma reservada. E não diz quantos votos já tem. Faz um suspense que só terminará daqui a oito dias.

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