São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997
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Governo faz 'teste' para votar reeleição

FERNANDO RODRIGUES
MARTA SALOMON

FERNANDO RODRIGUES; MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Objetivo é ir a plenário com 330 votos garantidos

O governo pretende fazer um teste na quarta-feira, dia 22, antes de submeter a emenda da reeleição a votos no plenário da Câmara.
O teste ocorrerá num requerimento sobre a ordem da pauta -coisa burocrática, que não representa risco. Se a maioria votar com o governo, o Planalto terá a senha para prosseguir e aprovar a reeleição. Em caso contrário, os governistas tiram o time de campo para negociar mais votos.
A decisão de votar a emenda na quarta-feira não é definitiva. A idéia era apenas divulgar a intenção do governo de tentar votar logo a reeleição. O momento exato da votação será decidido pelo próprio Fernando Henrique Cardoso.
Quando o anúncio da data de votação foi feito, na quinta-feira, o governo não tinha a menor idéia de quantos votos exatamente tinha na Câmara.
As contagens mais otimistas apontavam que havia 298 votos favoráveis na sexta-feira. O governo quer ir a plenário quando tiver, pelo menos, 330 votos confirmados a favor da emenda.
Os governistas se prepararam para fazer uma varredura por todos os Estados durante este fim-de-semana. Os números mais consolidados devem começar a aparecer hoje à tarde.
Tudo será compilado para que a decisão de qual rumo seguir possa ser tomada até amanhã à noite.
Alguns ministros mais envolvidos no projeto de reeleição, como Sérgio Motta (Comunicações), passariam o fim-de-semana em Brasília para ajudar a centralizar as informações.
Alternativas Não existem verdadeiramente alternativas já desenhadas para o caso de o governo não conseguir os votos necessários em plenário.
Governistas não admitem, mesmo em conversas reservadas, que esse número possa talvez nunca ser alcançado. Dizem apenas que pode ser um placar apertado na hora da aprovação.
A única coisa que o presidente definiu foi que a emenda deve ser encaminhada.
A modificação de rumos admitida de forma mais ou menos geral pelos aliados é transferir a data de votação para o dia 29. Isso no caso de realmente fracassar a votação no dia 22.
A prioridade neste fim-de-semana e nos próximos dois dias será contabilizar as perdas no PMDB.
A cúpula governista considera que todo o trabalho que deveria ser feito no PPB, de Paulo Maluf, já está consolidado.
No caso de as defecções peemedebistas ficarem em número superior ao calculado -em torno de 30-, o governo partiria para a cooptação de deputados de outros partidos.

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