São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997
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Partidos têm visões opostas de reformas

FERNANDO ROSSETTI
DO ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

Para entender o debate em torno da reforma no ensino mineiro é preciso saber que há hoje no Brasil uma disputa entre duas visões de como melhorar o ensino público.
Os governos do PSDB -como é o caso de Minas e São Paulo, além do MEC- priorizam o ensino obrigatório (1º grau) -que é a principal fonte de indicadores para comparações internacionais- e a racionalização administrativa.
Dentro dessa perspectiva, a questão do ensino, propriamente dita, tende a ser reduzida a conteúdos mínimos, cuja aprendizagem é aferível com avaliações tipo Saeb -feita em 1995 pelo Ministério da Educação e divulgada este ano.
Já as esquerdas -PT, PC do B, PDT em alguns casos, e vários independentes- centram seu discurso e prática em conceitos mais abstratos, como "cidadania".
E enfatizam o poder ideológico da educação. "França, Inglaterra, Espanha, todas as grandes reformas em andamento hoje tentam vincular a educação com processos sociais mais amplos", afirma Miguel Arroyo, idealizador do projeto "Escola Plural" da prefeitura petista de Belo Horizonte.
Ciclos
A "Escola Plural" é parecida com a proposta da gestão de Luiza Erundina (PT, 1989-92) para o ensino de São Paulo. Enfatiza, principalmente, a transformação da prática didática dos professores -e, por isso, criou ciclos (reunião de diversas séries), que obrigam o professor a repensar sua prática.
Todo esse movimento na relação ensino-aprendizagem gerado pelas reformas mais à esquerda obriga um forte esquema de apoio e formação de professores.
Isso acaba ocorrendo em um segundo momento nas reformas geridas pelo PSDB. Só em 1996, sexto ano da reforma de Minas, é que foi inaugurado um bem estruturado Centro de Referência do Professor.
Até então, a reforma de Minas ficou mais centrada no plano da formação emergencial. Mais da metade dos R$ 20 milhões investidos em formação de professores em 1995 e 1996 foram para habilitar professores.
"É muito dinheiro", afirma o vice-governador de Minas, Walfrido dos Mares Guia. "Em toda a década passada foram investidos apenas R$ 10 milhões nessa área." (FR)

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