São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997
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Consumo leva indústrias para o Nordeste

DANIELA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento do poder aquisitivo das pessoas de menor renda, decorrente da estabilidade econômica, está fazendo com que muitas empresas apostem em um maior crescimento nas vendas na região Nordeste do que no resto do país.
Essa movimentação em busca de maior potencial de consumo mostra o início de um novo processo na região. Ainda existem empresas que se instalam no Nordeste para se beneficiarem dos incentivos fiscais e da mão-de-obra barata. Elas produzem para exportar ou abastecer o restante do país.
Mas há também empresas que elegeram a região -principalmente os Estados do Ceará, Pernambuco, Bahia e Maceió- como o novo motor de impulsão de suas vendas, a maior parte de produtos de baixo valor unitário.
Elas buscam alternativas diferentes, já que os mercados das regiões Sul e Sudeste apresentam maior saturação.
Um forte indício do crescimento da atividade econômica na região é o aumento do consumo de energia elétrica, residencial e industrial.
No Norte e Nordeste o crescimento, até novembro de 1996, foi de 7,2% em cada uma das regiões sobre igual período de 1995. No Sudeste, o aumento no consumo foi de 5,3%.
Estratégia regional
A Coca-Cola prevê que as vendas nas regiões Norte e Nordeste cresçam 15% em 1997, o dobro do Sul e Sudeste. A diversidade dos mercados levou a Coca-Cola a iniciar neste ano um processo de regionalização das vendas, conta Luiz Lobão, presidente da empresa.
A Coca, com sede no Rio, irá deslocar executivos e técnicos da empresa para a Amazônia e Recife. "Queremos ficar mais perto do consumidor. Boa parte das pessoas que tiveram seu poder aquisitivo aumentado estão no Norte e Nordeste", diz Lobão.
A Samello, fabricante de calçados masculinos, está instalando uma fábrica na Paraíba, que deverá entrar em operação até junho.
A produção será destinada inicialmente ao mercado local, afirma o diretor Wilson Mello.
"No Nordeste há mais possibilidade de crescimento. As vendas no Sul e Sudeste já estão consolidadas há muito tempo", afirma Mello.
A empresa já destina hoje 40% de sua produção à região. Para 1997, a expectativa é de aumento de 40% das vendas no Nordeste e de 20% no Sul e Sudeste.
A DuPont do Brasil, que fabrica e detém o uso da marca Lycra (fibra de elastano) também prevê crescer mais no Nordeste.
Grande parte das vendas de Lycra é para as confecções nordestinas. O consumo local desses produtos atinge 80%, diz Eduardo Wanick, presidente da DuPont.
Apesar de fabricar só a fibra, a DuPont está desenvolvendo um projeto com confecções nordestinas para elas melhorem a qualidade de seus produtos e possam obter o selo Lycra.
Até o final de 1997, a empresa terá investido US$ 3 milhões nesse programa, que começou no ano passado, e também em campanhas de TV sobre a Lycra, específicas para as consumidoras da região.
Há empresas que já estão registrando aumento nas vendas.
É o caso da Gessy Lever, que há três anos vem crescendo mais no Nordeste que no restante do país, diz Ronald Rodrigues, diretor de assuntos corporativos.
Ele não precisa a taxa de crescimento, mas diz que apesar do consumo na região ser menor, há cada vez mais novos consumidores entrando no mercado.
A Gessy Lever terá uma fábrica de produtos de limpeza em Recife, que deve começar a operar em fevereiro. "Pretendemos explorar melhor o potencial da região", diz.

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