São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997
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Indústria acha alternativa para financiar o consumo

MILTON GAMEZ; FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A indústria de eletroeletrônicos encontrou uma nova fonte de recursos para bancar o financiamento direto ao consumidor e tornar seus produtos mais competitivos no varejo.
A Multibrás, dona das marcas Brastemp, Consul e Semer, prepara a sua primeira securitização de recebíveis.
É uma operação financeira sofisticada, que permite às empresas buscar dinheiro no mercado de capitais para financiar suas vendas a prazo, em vez de usar o próprio capital de giro ou ficar na dependência de crédito bancário.
Na securitização, a empresa emite de títulos com lastro (garantia) em recebíveis, ou seja, nas vendas a prazo aos consumidores finais. Para dar mais segurança aos investidores, os recebíveis são transferidos para uma companhia criada com esse propósito específico (uma SPC, sigla de "special purpose company").
"A Multibrás será a primeira indústria brasileira a fazer essa operação", diz Ruy de Campos Filho, diretor de relações com o mercado da empresa, do grupo Brasmotor.
A próxima poderá ser a Itautec Philco. A companhia, segundo o diretor financeiro, Ricardo Setubal, estuda a securitização de recebíveis com três bancos: Unibanco, Fenícia e Inter-Atlântico.
Nenhum dos dois executivos adianta qual será o valor captado por esse instrumento. Segundo a Folha apurou, as emissões poderão ultrapassar a casa dos R$ 100 milhões cada uma, em "tranches" (fatias) menores.
Vantagem estratégica
Para viabilizar a securitização, a Multibrás criou a Multibráspar, SPC já registrada na CVM (Comissão de Valores Mobiliários). A operação deverá ser implementada ainda neste trimestre.
"O valor vai depender da velocidade e do número de revendedores que participarem, vendendo seus recebíveis para a Multibráspar", diz Campos Filho.
A securitização faz parte de um plano estratégico da empresa para oferecer alternativas de financiamento para a revenda e o consumidor final. A Multibrás tem cerca de 700 revendedores no país.
No caso da Itautec Philco, Setubal acrescenta que a operação deve ser feita especialmente com os lojistas de menor porte, que não têm acesso aos empréstimos bancários por causa das altas taxas de juro que lhes são oferecidas.
"As grandes redes de lojas preferem esgotar a capacidade de crédito bancário antes de optar por uma operação dessas", diz Setubal.
(MILTON GAMEZ e FÁTIMA FERNANDES)

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