São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997
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Empresas evitam chamar a atenção do governo

DA REPORTAGEM LOCAL

Precursora da securitização de recebíveis no Brasil, a diretora do Banco Fenícia, Norma Carvalho Barbosa, diz que tem oito operações do gênero praticamente fechadas com empresas de vários setores.
"Muitas securitizações estão engatilhadas, esperando apenas o momento certo para serem colocadas no mercado", diz Barbosa.
A executiva faz segredo quanto ao nome das clientes do Fenícia, pois assinou cláusula de confidencialidade com elas.
"As operações fazem parte da estratégia de vendas das companhias, que não querem antecipar seus movimentos para as concorrentes", justifica.
Freio no consumo
Comenta-se no mercado financeiro que as empresas envolvidas na securitização temem chamar a atenção do governo para o crescimento do financiamento ao consumo com esses recursos extras.
Por isso, muitos potenciais emissores estariam demorando para ir ao mercado, com medo do esperado freio na economia ainda no primeiro trimestre do ano.
Para Barbosa e Paulo Rabello de Castro, da SR Rating/Duff & Phelps, isso é bobagem.
"O governo abriu o caminho para a securitização, que melhora a qualidade do crédito", diz Castro.
Três das empresas a entrarem nesse mercado são do setor de construção imobiliária. A Gafisa já admitiu fazer parte desse grupo e anunciou uma operação de R$ 20 milhões. A securitização envolve recebíveis de dois novos prédios de apartamentos, um no Rio de Janeiro e outro em São Paulo.
Outras operações na boca-do-forno têm por trás companhias do varejo, do comércio de veículos e da indústria.
"É um processo que está se firmando e não tem volta. No caso do varejo, o faturamento das empresas cresceu mais que as linhas de crédito bancário disponíveis para elas. A solução é buscar dinheiro no mercado de capitais para aumentar os volumes de crédito", avalia Barbosa, que estruturou a primeira operação local de securitização de recebíveis, feita pela Mesbla no início da década.
A Feniciapar, criada para captar recursos para a Lojas Arapuã, do mesmo grupo, já tem títulos da ordem de R$ 250 milhões no mercado. As emissões, que já chegaram a R$ 500 milhões, ajudam a Arapuã a financiar crediários da ordem de R$ 800 milhões.

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