São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997
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França debate aposentadoria aos 55 anos

61% aprovam medida

BETINA BERNARDES
DE PARIS

Trabalhadores dos transportes urbanos da França convocaram para a próxima sexta-feira uma greve nacional. Da pauta de reivindicações consta um privilégio que foi concedido aos motoristas de caminhões que paralisaram as estradas do país durante 12 dias, em novembro do ano passado: a aposentadoria aos 55 anos de idade.
Apoiada por 61% da população, segundo uma pesquisa de opinião do instituto BVA, a aposentadoria generalizada aos 55 é rejeitada tanto à esquerda quanto à direita.
Há cerca de 9 milhões de aposentados no país; 2,8 milhões na faixa de 55 a 59 anos poderiam se aposentar se a idade fosse reduzida.
Pensões
O total de pensões anuais pagas pela caixa passaria de 332 bilhões de francos (US$ 66,4 bilhões) a 432 bilhões de francos (US$ 86,4 bilhões). Como os novos aposentados não pagariam mais cotizações, haveria ainda 17 bilhões de francos a menos (US$ 3,4 bilhões).
A possibilidade de empregar jovens é o principal argumento usado pelos defensores da aposentadoria aos 55. A França conta com 3,121 milhões de desempregados (12,7% da população ativa).
"Pensamos que a adoção, em 83, da aposentadoria aos 60 anos teria um efeito sobre o emprego, mas o patronato não contratou", diz Nicole Notat, secretária-geral da CFDT (Confederação Francesa Democrática do Trabalho).
Renovação de quadros
Há, no entanto, empresários que, apesar de não defenderem a aposentadoria aos 55, querem que o governo os ajude a renovar seus quadros por intermédio do sistema de pré-aposentadoria.
É o caso da Renault e do grupo PSA Peugeot-Citroen, que escreveram carta nesse sentido ao primeiro-ministro Alain Juppé. Eles alegam que, no ano 2000, a média de idade de 50% do efetivo operário dos dois grupos seria de mais de 50 anos.
Para Juppé, a aposentadoria geral aos 55 "não é financeiramente possível" e "os franceses compreenderão" que alguém que trabalha menos de 39 horas semanais não pode se aposentar nessa idade.
Centrais Sindicais
Se as principais centrais do país não colocam a antecipação da aposentadoria na ordem do dia de todas as categorias, admitem, entretanto, exceções para os setores mais "punidos", como o de transporte urbano e rodoviário. E apóiam as reivindicações e a greve convocada para 24 de janeiro.

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