São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997
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Veteranos consagrados da NBA criticam arrogância de novatos

DAVID DUPREE
DO "USA TODAY"

Há muito tempo considerada modelo de administração esportiva, a NBA encaminha-se para uma grande transição. Prepara-se para entrar em uma era sem jogadores como Michael Jordan, Charles Barkley e Karl Malone.
Barkley e Malone devem jogar mais alguns anos, mas Jordan pode desistir ao fim da temporada.
Ainda não dá para dizer se o futuro está em boas mãos, mas alguns dos superastros da atualidade já têm preocupações para 97.
Barkley, Malone e outras estrelas que ajudaram a erguer a liga, como Jordan, Patrick Ewing, Hakeem Olajuwon, Joe Dumars, John Stockton e Clyde Drexler, se sacrificaram e continuam homenageando os jogadores que pavimentaram o caminho de seu sucesso.
Mas eles não vêem o mesmo respeito e o amor puro pelo esporte ser demonstrado por muitos dos jovens talentos de hoje.
As pontuações baixas, os arremessos pobres, os jogos truncados que prevalecem nesta temporada poderão ficar piores no futuro.
A pontuação por times vem caindo a cada ano, desde 1993. Nas partidas disputadas até o domingo, a média de pontos foi de 95,1, contra 99,5 do torneio passado.
A porcentagem de arremessos certos vem caindo há quatro anos seguidos. Na última temporada, foi de 46,2%; nesta está em 44,8%.
O número de bolas perdidas aumentou para uma média de 16,3 por partida nesta temporada, contra 15,8 da que passou.
A estatística mais prejudicial mostra que a média de espectadores por jogo até o domingo foi de 16.927, contra 17.252 de 95-96.
"Há alguns maus jogadores por aí. É claro e simples", diz Barkley. "Temos muitos garotos saindo da universidade muito cedo. A liga criou estrelas artificiais. Há muitos caras que apresentam bons números e são muito talentosos, mas eles não sabem jogar o jogo."
Mais preocupante para o ala-pivô do Houston, porém, é a aparente falta de interesse dos jovens.
"Algo que me irrita neles é que não respeitam o jogo. Falo em jogar duro toda noite. O jogo é a coisa mais importante, não quanto dinheiro você fez ou quantos patrocínios você tem. Só porque ganhou US$ 100 milhões não quer dizer que você vale isso."
Malone, ala-pivô do Utah Jazz, que se refere a alguns jovens como "cabeças-ocas", concorda. "Eu respeito os caras que se sacrificaram por mim. Muitos jovens não são assim. Alguns estão mais preocupados com patrocínios do que com a própria partida."
No centro desta nova onda está o novato Allen Iverson, do Philadelphia 76ers, um multitalentoso armador que deixou Georgetown no segundo ano de aulas para se tornar o primeiro escolhido no "draft" (vestibular de jogadores universitários).
Ele é extravagante, impetuoso, convencido, o perfeito modelo dessa nova geração.
Seu estilo de jogo e comportamento em quadra é parecido com o de jovens estrelas como Shawn Kemp, Chris Webber e Alonzo Mourning, mais espalhafatosos do que inteligentes.
"Não me preocupo em impressionar as pessoas, não me importo com o que dizem. Vou fazer o que eu tenho de fazer. Aqueles que querem me criticar, eu apenas ignoro", diz Iverson.
Como os fãs reagiram?
A média de público do Philadelphia em seu ginásio cresceu mais do que qualquer equipe na temporada, 4.000 a mais por jogo do que no campeonato passado.

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