São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997
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GLOBALIZAÇÃO DOS TIGRES

Os chamados "tigres asiáticos", países, como a Coréia do Sul, que conseguiram dar saltos de desenvolvimento nas últimas duas décadas, sempre foram vistos como modelares exemplos de globalização.
O "modelo asiático" sempre foi fortemente amparado no empenho exportador. Assim, a rigor essas economias foram as primeiras, no mundo em desenvolvimento, a apostar no processo de globalização.
Entretanto, desde o ano passado não apenas a economia, mas a própria sociedade coreana dá sinais de estresse. Além dos escândalos de corrupção envolvendo algumas das mais altas autoridades do país, afinal condenadas, houve queda no crescimento econômico e perda de dinamismo das exportações.
Nas últimas semanas, as tensões chegaram a um ponto culminante. Centenas de milhares de trabalhadores entraram em greve. O motivo foi a aprovação pelo Parlamento, em condições discutíveis, de uma nova legislação voltada à flexibilização dos contratos trabalhistas e à eliminação do chamado trabalho vitalício.
Assim, uma economia que parecia estar plenamente integrada aos mercados mundiais, totalmente capacitada a usufruir dos frutos da globalização, enfrenta desajustes cuja correção, como em outras economias menos globalizadas ou até mesmo com pior performance exportadora, é operacionalmente difícil.
O desenvolvimento coreano colocou o país em novo patamar de exigências sociais, e os níveis salariais subiram. Há vários anos os observadores alertam para os riscos dessa trajetória. O aumento do poder aquisitivo é também aumento de custo salarial. Surge assim uma tendência ao crescimento das importações, enquanto os exportadores perdem competitividade frente às novas gerações de "tigres", como a Tailândia, a Indonésia ou o Vietnã.
Recém-admitida à OCDE, a Coréia do Sul já sofre problemas típicos de uma economia madura, mesmo sem ter chegado a sê-la por completo.

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