São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997
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Os blefes na reeleição

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Todos os personagens blefam na disputa pela (ou contra) a reeleição. É como se estivéssemos em um cenário de faroeste, na hora do duelo. Cada um esperando o adversário sacar. Quem piscar primeiro, perde.
A seguir, os principais blefes:
1) FHC - o presidente blefa quando diz que já tem os 308 votos necessários para aprovar a emenda na Câmara. Aliás, só vai saber ao certo quanto tem amanhã à noite, quando começarem a chegar os relatórios dos operadores políticos em cada Estado;
2) PMDB - o partido blefa ao afirmar que seus deputados faltarão à sessão da Câmara nesta semana se a reeleição for colocada em pauta. Pelo menos metade dos deputados não está nem aí para a decisão da Convenção Nacional do PMDB;
3) PFL - sem a certeza absoluta da fidelidade de FHC, os pefelistas vendem o que não têm ao garantir que a emenda será aprovada com folga nesta semana;
4) votação dia 22 - esse blefe é consequência dos anteriores. Só haverá votação em plenário quando os governistas tiverem certeza absoluta da vitória. Antes, não. Na dúvida, a data de votação passa a ser 29 de janeiro;
5) plebiscito - está tão manjado que não é uma saída para já que até o governo está parando de falar no assunto. Só que alguns governistas não foram avisados e continuam a espalhar notícias falsas na imprensa;
6) referendo - A idéia de usar o referendo para ganhar votos na esquerda -para compensar as perdas no PMDB- é tida como uma bobagem por um ministro. "Você já viu o PT e a esquerda darem a mão para um governo que está morrendo afogado?", indaga o governista. Apesar disso, os chamados "tucanos éticos" continuam ventilando a possibilidade. Só que FHC e o PFL não a desejam.
*
Como em duelos no velho oeste, o impasse da reeleição será resolvido na hora em que algum dos envolvidos piscar. Aí, vai ser tiro para todos os lados. E o vencedor será conhecido apenas na hora que a poeira baixar.

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